Procura por adubo arrefece em junho, mas avança no semestre

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As entregas de fertilizantes das misturadoras às revendas espalhadas pelo país totalizaram 11,7 milhões de toneladas de janeiro a junho deste ano, 5,6% mais que no mesmo período de 2011 (11,1 milhões de toneladas). O levantamento da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), aponta, entretanto, que a demanda, apesar de forte, arrefeceu. De janeiro a maio, o aumento das entregas em relação a igual intervalo do ano passado alcançou 8,5%.

Carlos Eduardo Florence, diretor-executivo da Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil (AMA), acredita que essa desaceleração na demanda registrada no mês passado pode ter sido provocada, paradoxalmente, pela concentração da procura por fertilizantes para o plantio de soja, em função dos altos preços da commodity nos últimos tempos. Ele lembra que a oleaginosa consome menos adubo do que culturas como milho e algodão.

Por outro lado, muitos produtores já tinham antecipado nos primeiros cinco meses do ano a compra de fertilizantes visando ao plantio da próxima safra de grãos de verão (2012/13). Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), nas regiões de Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) 95% dos fertilizantes que serão aplicados nas lavouras de soja no próximo ciclo já tinham sido adquiridos até junho.

Responsáveis por cobrir mais de 70% da demanda nacional, as importações recuaram 13,6% no primeiro semestre, para 7,832 milhões de toneladas. A explicação está na maior utilização dos estoques por parte das empresas. Conforme Florence, as chuvas, somadas à maior chegada de produtos, também atrapalharam a descarga nos portos. Segundo ele, mercadorias que deveriam ser descarregadas em junho ficaram para julho. No fim de dezembro, os estoques brasileiros de adubos somavam 5,127 milhões de toneladas, 48,5% mais que em 2010. Já a produção nacional de fertilizantes caiu 0,2% na comparação com o primeiro semestre de 2011, para 4,489 milhões de toneladas.

Rafael Ribeiro de Lima Filho, analista da Scot Consultoria, diz que a demanda deve contribuir para a alta nos preços dos fertilizantes até setembro. Ele alerta que, embora os preços da soja estejam elevados, os custos de produção e os preços dos adubos também acompanharam esse movimento de alta desde o ano passado.

O preço médio da ureia atingiu R$ 1.310 a tonelada na primeira quinzena deste mês, segundo levantamento da Scot. Em junho, o valor médio foi de R$ 1.365, enquanto em julho do ano passado alcançou R$ 1.161.

Já a tonelada do cloreto de potássio valia R$ 1.441 no início de julho, altas de 0,34% sobre os R$ 1.436 de junho e de 18,3% sobre a cotação média de julho de 2011 (R$ 1.218). O valor do super simples granulado atingiu R$ 788 na primeira quinzena de julho, aumentos de 9,44% sobre junho e de 10,5% sobre julho de 2011.

Segundo levantamento da Anda, a relação de troca de produtos continuou favorável ao produtor rural, em especial no caso dos sojicultores. Nos primeiros seis meses do ano, eram necessárias 21,89 sacas do grão para comprar uma tonelada de fertilizante, contra médias de 24,15 sacas em 2011 e de 25,3 em 2010. No caso do milho, a relação de troca foi de 49,12 sacas no primeiro semestre, ante 43,25 sacas em 2011.

Fonte: Valor Econômico

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