Procafé: Cafeeiros robusta e conillon podem sim ser esqueletados

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A poda de esqueletamento vem sendo muito usada em lavouras de café da espécie arábica e pesquisas mais recentes demonstram que ela pode ser, também, adequada a cafeeiros da espécie C. canephora, tanto cultivares robusta como o conillon. Alguns técnicos costumam dizer que os ramos laterais de cafeeiros conillon não rebrotam, mas os dados aqui apresentados mostram o contrário.

Os cafeeiros conillon são, tradicionalmente, conduzidos com várias hastes (3-5) por planta, visando maior produtividade, com sua renovação, por ciclos de 4-5 anos, com aproveitamento hastes novas, crescidas na parte baixa do tronco. Nesse processo, os ramos laterais, que produziram em toda sua extensão, vão sendo eliminados, após sua colheita, deixando, apenas, os ramos laterais novos, na parte alta das plantas.

A natureza multi-caule dos cafeeiros robusta exige 2-3 desbrotas ao ano, para eliminar o excesso de brotos ladrões, o que exige muita mão-de-obra.. A condução desses cafeeiros com haste única, combinada, quando necessário, com esqueletamento, à semelhança do que se utiliza em cafeeiros arábica foi estudada recentemente (Matiello et ali, in – Anais do 42º CBPC, Fundação Procafé, 2016 p. 55).

Na poda de esqueletamento os ramos laterais podados precisam apresentar boa rebrota e crescimento, dependentes, entre outros fatores, do vigor das plantas e do tipo de ramos. Em cafeeiros conillon, devido à ainda pequena experiência com essa poda, restrita aos trabalhos de pesquisa, torna-se necessário conhecer a capacidade de rebrota e recuperação de ramos cortados.

Dois trabalhos foram conduzidos em 2016/17, visando estudar a capacidade de rebrota de ramos laterais em cafeeiros da espécie C. canephora, nas variedades Apoatá e conillon, visando, inclusive, o aproveitamento de rebrotas em ramos laterais comumente cortados rente ao tronco, portanto, eliminados.

Os experimentos foram conduzido nas Fda Experimental de Varginha, a cerca de 1000 m de altitude, no Sul de Minas e em Patos de Minas, na Fda Experimental da Assopatos. Foram tomados cafeeiros do clone 2(V12), com 7 anos de idade, e da variedade seminal Apoatá, com 4 anos de idade. Foram aplicados cortes da ramagem lateral em 3 condições, com esqueletamento curto(20 e 30 cm) e longo(40 e 60 cm) e com e sem decote superior.

As avaliações foram realizadas através da contagem de ramos que rebrotaram, em relação ao total de ramos cortados e do crescimento dos ramos novos brotados, em numero médio de nós por ramo. Foram avaliados 20 ramos, tomados ao acaso, por planta.

Verificou-se (tabela 1) que o percentual de rebrota dos ramos laterais ocorreu numa faixa de 82-92% nos ramos da parte mais baixa da planta e 65 -75 % na parte mais alta. O corte mais longo também melhorou a rebrota. Com relação à presença ou ausência de decote, houve um pequeno diferencial positivo para a condição com decote.

Com relação ao numero de brotações por ramo cortado o numero ficou, na média, pouco acima de 2 brotos por ramo, sem diferença significativa entre os 3 tipos de esqueletamento. Também o crescimento dos ramos brotados, em média com cerca de 6 nós por ramo, não variou entre tratamentos. O numero de nós um pouco inferior ao que se obtém em cafeeiros arabica, normal de 8-10 nós, está ligado à época de poda, feita tardiamente, em outubro.

Em Patos de Minas (tabela 2) o percentual de rebrota e o crescimento dos ramos foi maior, talvez por tratar-se, as plantas, de condução com caule único(maior insolação), também de outra variedade e de plantas com menor idade.

Concluiu-se que torna-se viável, quando desejável, fazer esqueletamento em cafeeiros conillon. Como a brotação foi até mais alta em ramos da parte baixa da planta, os quais já produziram, existe a possibilidade de esqueletar os mesmos, sem a necessidade de elimina-los, o que é praticado atualmente.



Fonte: Procafé via Notícias Agrícolas

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