Preços devem estabilizar a R$290,00, diz analista de mercado cafeeiro

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O mercado de café terminou a semana fazendo uma máxima nova em Nova York a US$ 181,50 (cents/lb), mas segunda-feira (02) já fechou com uma baixa acentuada e ontem (03) repetiu a baixa de mais 500 pontos fechando próximo de US$ 167,55 (cents/lb).

Na BM&FBovespa os preços fecharam ontem (03) a US$ 199,00. Acho que temos uma tendência de na quarta-feira (04) tentar procurar mais um pouco dessa realização [de lucros]. Nova York deve trabalhar em níveis abaixo de US$ 165,00 (cents/lb) e procurar níveis de US$ 160,00 e US$ 155,00. Com isso os preços se estabilizam um pouco e aí teremos uns dias de mais calmaria.

CaféPoint: Você acredita que essa semana está seguindo o mesmo movimento da semana anterior, iniciando a semana com bastante queda e do meio para o final da semana recuperando os preços, fechando em alta?

Alexandre Nahum:Acho que [o movimento do mercado nessa semana] vai ser um pouco diferente da semana anterior, justamente porque os fundos estão extremamente comprados no mercado e eles estão precisando realizar. Não está tendo compra de torrador nesses níveis, então o fundo vai ter que se zerar por aqui se quiser fazer o mercado subir novamente mais perto do final do ano.

CaféPoint: Sabemos que o que impulsionou as altas da última semana foram as compras especulativas. O que são essas compras/vendas especulativas e como elas influenciam o mercado?

Alexandre Nahum: As compras especulativas, compras de fundos, são compras até benéficas para o mercado, até porque nessa, que é a maior safra de toda história de café no Brasil, o produtor está sendo contemplado com vendas a preços que ele nunca imaginou fazer com uma safra desse tamanho.

Os fundos financeiros ou de commodities, alguns até com gente especializada na commoditie café, visualizaram uma pequena falta de café na América Central. Com isso, começaram compra café, comprar café, puxando os preços para cima. Só que o maior produtor do mundo que é o Brasil está vendendo café todo dia. Esses preços estão muito bons para o nosso produtor.

Os preços não conseguem ir muito acima disso justamente por causa do Brasil. Outros países da América Central também começaram a vender café a partir do US$165,00 em Nova York, isso também é excelente para eles. Para elevar mais os preços, vão ter que comprar muito mais café e eles ficam limitados a compra de 50% da posição comprada em aberto.

CaféPoint: Acha que os preços no mercado interno podem se manter nessa faixa de R$ 300,00 e um pouco acima, ou vai haver uma queda voltando aos patamares de preços anteriores?

Alexandre Nahum: Acredito que os preços no mercado interno terão uma pequena queda, mas vamos ficar longe daqueles R$ 260,00 que eram praticados mais para o começo do ano. Acho que o café deve dar uma estabilizada em torno de R$ 280,00 – R$ 290,00 reais por saca por bebida fina, sendo que os cafés de pior qualidade, tipo café rio e conilon vão estar com preços proporcionalmente bem mais baixos.

CaféPoint: Tem crescido o número de produtores interessados em participar do mercado futuro?

Alexandre Nahum: Temos visto um número crescente de produtores vindo para o mercado, principalmente pela possibilidade de começar travar um pedaço da safra dele na bolsa. Então, o produtor que vende de 20 a 30% de sua safra na bolsa está se protegendo contra eventual queda e ele tem condição de aproveitar esses preços altos.

Tivemos muita venda de produtor entre cafés BM&F setembro/10 a US$ 190,00 – US$ 200,00 e muito mais vendas quando o café passou de US$ 200,00, pois é um preço que não viam há muito, muito tempo. É um preço como se tivesse ocorrido uma geada ou uma seca no Brasil, coisa que não aconteceu.

* Alexandre Nahum é analista de mercado de café da Terra Futuros

Fonte: CaféPoint

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