Precisão no plantio mecanizado do café eleva produtividade

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Muito se fala sobre a importância da colheita, do manejo, adubação e pós-colheita do café, mas não adianta usar tecnologia de ponta para estes processos sem pensar primeiro na implantação da lavoura cafeeira. A importância e a mecanização desta fase para o sistema de produção do café é o tema de uma das palestras do Simpósio Mecanização da Lavoura Cafeeira, que aconteceu no último dia 15 de junho, durante a Expocafé 2010, na cidade de Três Pontas, em Minas Gerais. O palestrante foi o cafeicultor José Eustáquio Soier, consultor em mecanização do café da Mundo Novo Máquinas Agrícolas, que falou também sobre a importância da mecanização e das tecnologias para a poda do cafeeiro.

Primeiro, é importante a implantação da lavoura cafeeira com preparo do suco para, em seguida, ser administrado o plantio mecânico. O equipamento tanto de preparo do suco quanto da máquina de plantar é um grande aliado para que tenhamos um plantio em série, ritmo de plantio, intervalo entre mudas exato, dando condições da gente ter a quantidade certa de estande desejado por hectare, sem a variação que acontece nos plantios convencionais. O plantio mecânico tem um resultado muito bom quando nós fazemos o preparo do suco com equipamento correto. Isso se reflete em tudo. Em produtividade, em ritmo de trabalho de uma colhedora de café, então você acaba ganhando em série, não só no intervalo de mudas, mas esse conjunto de plantador e preparador de suco permite também um alinhamento satisfatório que faça com que a colhedora tenha mais qualidade operacional, o que irá resultar em um ganho em escala — explica Soier.

Para que o plantio seja feito da melhor forma, os produtores precisam estar atentos a alguns cuidados. O especialista diz que o produtor precisa respeitar as limitações de cada equipamento porque pequenos detalhes de manejo fazem a diferença para obter um bom resultado. O primeiro cuidado, segundo ele, é trabalhar em uma velocidade máxima de 700 metros por hora com o equipamento de preparo de suco, porque se a máquina passar desta velocidade não vai fazer uma mistura satisfatória dos insumos, o que vai atrapalhar o trabalho do plantador e fazer com que ele não libere as mudas com qualidade. Tudo precisa ser pensado em série para que o resultado final, na hora da venda do café, seja o melhor possível.

O principal benefício da mecanização nessa fase é a exatidão, a precisão do preparo da lavoura, desde o preparo do suco que vai permitir um bom desenvolvimento radicular, possibilitando um desenvolvimento muito superior ao das lavouras plantadas com os preparos convencionais. Um outro ponto de benefício é o intervalo entre plantas, porque se você ajustar o equipamento para plantar de 60 em 60 centímetros você tem a certeza de que o estande por hectare estará matematicamente correto. Nós podemos usar um sucador ou subsolador, dependendo da textura e profundidade do solo. O subsolador é usado em solos mais profundos até 90 centímetros para depois entrarmos com a máquina que vai trabalhar com um sistema de rotores e facas invertidas, em duas rodas que giram em profundidade de até 60 cm e largura de até 60 cm. Esse suco é uma vala de 60 cm por 60 cm — ensina.

Outra fase extremamente importante para a lavoura cafeeira é a poda, quando ela atinge o seu potencial produtivo. Soier diz que é preciso fazer um estudo profundo do que ocorreu na lavoura e saber qual é o potencial produtivo que ela atingiu para que seja administrado o esqueletamento, disponte ou decote. Ele explica que, em casos que a lavoura esteja muito depauperada, a ponto de perder saia, é recomendada a recepa, em que o tronco do cafeeiro é cortado a uma altura entre 25 cm e 40 cm. Soier ressalta que a recepa só é feita se o espaçamento da lavoura estiver correto, se for usada uma boa variedade e se o histórico produtivo for alto, caso contrário o indicado é arrancar a lavoura e iniciar uma nova.

O especialista diz que a produtividade do cafeeiro pode ser aumentada de forma considerável com uma boa poda, mas diz que os números de aumento de produção variam muito de acordo com a região e, principalmente, se a lavoura é irrigada ou não. Ele cita um caso de uma lavoura irrigada com pivô que, após a sétima safra, foi esqueletada e decotada a 1,80 m, com variedade catuaí amarelo 62 em uma área de 850 metros de altitude. Essa lavoura resultou em um safra de 132 sacas por hectare no ano seguinte à poda. Considerando que o ano anterior foi zero (porque foi o ano da poda, no qual ela atingiu o potencial máximo) a lavoura teve uma média de 65 sacas por hectare. Soier diz que o certo é pegar a média de três safras, sendo um ano zerado e os outros dois anos produtivos. Neste caso, com o esqueletamento e decote a média é de 62 sacas.

Nós não estamos falando de uma técnica facultativa, estamos falando de uma técnica obrigatória e necessária para que o produtor permaneça na atividade somando resultados positivos. O ideal para se ter uma boa poda é uma boa estratégia. Você inicia uma boa poda quando planta uma lavoura. Não dá para administrar bem isso quando já se está no ano da poda e você ainda não definiu o que você vai fazer e não tem histórico correto de cada talhão. Que fique bem claro um termo bem fácil de ser compreendido: o bom resultado não está na poda, mas na estratégia que você montou para que a poda só venha a cumprir com o seu papel — ressalta Soier. 

Fonte: Portal Dia de Campo

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