POTENCIAIS DISTINTOS PARA PRODUÇÃO E PREÇO

O Fundo Monetário Internacional revisou suas previsões do crescimento do PIB mundial em 2012 de 3.6% para 3.3%, o menor nível desde a recessão de 2009, e provocou uma pressão negativa em ativos de risco.

Os principais índices de ações do mundo cederam mais de 2%, e a maior parte das commodities também encerrou a semana em baixa.

O café em Nova Iorque e Londres não foi exceção, com queda de US$ 8.47 por saca e US$ 2.58 respectivamente.

Chuvas no cinturão de café do Brasil, que ajudam a fixar a bonita florada, deixaram os compradores com menor urgência de aparecer no mercado. Até porque há duas semanas e pouco muitos conseguiram colocar cobertura de diferenciais nos livros, diminuindo a necessidade de compra imediata.

Opiniões de cooperativas e analistas brasileiros de que a florada foi concentrada e uniforme deram uma pitada de alívio à indústria que é mais exigente com qualidade, e de certa forma tira mais um pouco de suporte do “C” – ainda que sejam prematuras tais observações.

Com a queda da bolsa os diferenciais encareceram (nominalmente), mesmo que para algumas origens do arábica não tenham firmado tanto quanto se imaginaria. Um pouco disto é reflexo do começo da safra na Colômbia, América Central, Ásia e África, e de um volume de negociação da safra brasileira menor do que a média para a época do ano. Já para o robusta os prêmios ficaram mais agudos, ainda que deva ser de curta duração em função da (atrasada) entrada da safra nova vietnamita.

Tecnicamente o mercado parece propenso a testar os US$ 156.00 por libra em Nova Iorque, e os US$ 1970 por tonelada em Londres, e como os fundos tem espaço para adicionar mais vendas em suas posições, há chances de vermos novas mínimas.

À produção creio que vale a pena dar a dica de vender um pouco de café, pois mesmo que o Brasil siga relutante em esperar preços mais altos, o mesmo não acontecerá por parte dos outros países produtores. Mesmo que muitos possam ter folego para segurar café até meados do primeiro semestre de 2013 apostando em um quadro mais apertado, não se pode esquecer que será justamente nesta época que já teremos uma confirmação se a próxima safra brasileira terá de fato um ciclo de baixa “mais alto” do que o normal.

Para completar o quadro negativo (e a enxurrada de pessimismo neste relatório), a estrutura dos preços, ou a curva de preços do contrato futuro do arábica, desestimula e muito aqueles que estão comprados e ao mesmo tempo dá uma boa remuneração aos que estão vendidos – nada de novo até aqui pois há muitos anos tem sido assim. O agravante, como bem relembrou e comentou um de nossos ilustres leitores, é que a ICE vai aumentar a penalidade aos cafés velhos, e o contrato de março já aceitará cafés do Brasil – que embora seja improvável ter volume entregue, ainda assim pode atrair certificações para fazer o “cash-and-carry” em um mundo de juros baixos.

Resumo: o cenário se mantém bastante azedo para os altistas.

Há um mês em Dubai,

* Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting

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