Pesquisa e setor produtivo buscam mais qualidade ao café produzido no Cerrado Mineiro

Imprimir
Na última quinta-feira (27/40, pesquisadores, técnicos e cafeicultores estiveram reunidos durante o Encontro de Inovação e Tecnologia para a Cafeicultura do Cerrado Mineiro, em Patrocínio, para conhecerem novidades e discutir o caminho para o aumento da qualidade do café desta região, cerca de 450 pessoas circularam pelas estações de campos e pelos eventos que aconteceram na parte da tarde.

Durante o Encontro realizado pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado e pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), o presidente da Empresa, Rui Verneque, ressaltou a importância dessa integração ciência e setor produtivo. “Temos um excelente corpo técnico que tem se empenhado na busca por sustentabilidade desta cultura no maior produtor de café do Brasil, que é Minas Gerais”, ressalta. O secretário-adjunto da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Amarildo Kalil, falou do empenho do Governo no apoio ao desenvolvimento de novas metodologias e ferramentas para a cafeicultura. “Em breve, estará disponível no Geoportal, o georreferenciamento de todas as regiões cafeeiras do Estado”, afirma.

Um dos destaques foi a apresentação da nova cultivar de café Araponga 2, que tem características como resistência à ferrugem, alta produtividade e qualidade de bebida. Em recente classificação, a Araponga 2 obteve pontuação de bebida especial – 84,25 pontos pela escala SCAA. “Outro diferencial é o aspecto bonito do grão, com pontuação de 4,7 em uma escala de 1 a 5”, explica o pesquisador Gladyston Carvalho, que coordena ações realizadas em parceria com a Federação, como a implantação de Unidades Demonstrativas para avaliação de 12 cultivares de café em diferentes microclimas.

Para o vice-presidente da Federação, Gláucio de Castro, essa parceria com a EPAMIG possibilita ao cafeicultor mais acesso ao conhecimento tecnológico. “Este Encontro, que tem como principal objetivo a busca por mais qualidade do produto, é uma oportunidade para os participantes poderem ver o porte da planta, o aspecto do fruto, da folha, dentre outras características dos vários materiais genéticos já disponíveis para plantio”, destaca. Gláucio ressalta também que a instalação das Unidades Demonstrativas em 17 municípios vai trazer mais segurança para o cafeicultor na escolha dos materiais genéticos que ele pode introduzir em sua lavoura.

Para Mário Dianin, há mais de 60 anos no setor cafeeiro, é inevitável a busca por materiais cada vez mais produtivos. “Somos um grupo familiar que trabalha com cafés especiais, portanto, temos consciência que é preciso se preocupar com o consumidor interno que está bastante exigente”, conta com entusiasmo o cafeicultor, que já diz ter o sucessor para dar continuidade ao trabalho do grupo Dianin.

Desafios
Apesar de ser uma região cafeeira tecnificada, há em lavouras do Cerrado alguns focos de nematoides do cafeeiro, vermes microscópicos que causam prejuízo à planta. A pesquisadora da EPAMIG Sônia Salgado acredita que a alta mecanização no Cerrado, pode ser uma das causas. “A contaminação pode acontecer através dos solos infestados que ficam aderidos às máquinas, como colheitadeiras, tratores, dentre outras”, explica. Ela alerta que uma das formas de monitoramento é enviar para laboratórios amostras das raízes das plantas, caso perceba que o cafeeiro apresente sintomas como queda das folhas e de produção. “As mudas também precisam estar sadias, livres de nematoides antes de serem plantadas, para evitar contaminação do solo. Usar plantas resistentes é ainda uma alternativa eficaz, econômica e promissora para o controle desses nematoides”, destaca.

Sônia coordena um estudo inédito em Minas Gerais, que tem como foco o combate ao Meloidogyne paranaensis, uma das espécies mais agressivas de nematoide. A doença, que torna as plantas fracas e improdutivas, dificulta a absorção de água e sais minerais, causando a morte das raízes, queda das folhas, diminuição da produção e até a morte das plantas. O estudo avalia a resposta de diferentes plantas de café ao ataque do nematoide M. paranaensis, em área de lavoura naturalmente infestada.

No site da EPAMIG está disponível cartilha sobre monitoramento desse inimigo oculto que ataca as raízes das plantas.

 

Painel e salas temáticas

Pesquisa e setor produtivo buscam mais qualidade ao café produzido no Cerrado Mineiro

Durante a tarde o grande foco foram as salas temáticas e o Painel que encerraram a programação do Encontro de Inovação e Tecnologia para Cafeicultura no Cerrado Mineiro. Os professores Aquiles Júnior e Sandra Moraes trouxeram um workshop sobre a classificação física e a origem dos defeitos do Cafés, promovendo um Cupping sobre o assunto.

Mariana Caetano, Gerente Agrícola do Guima Café e Mariana Proença, Diretora de conteúdo da Café Editora reuniram dezenas de mulheres e contaram sobres suas experiências e desafios frente à produção e novidades sobre o mercado de cafés especiais e seus consumidores.

Vicente Luiz de Carvalho, Júlio César de Souza e Rogério Antônio Silva – pesquisadores da Epamig – apresentaram sobre boas práticas agrícolas: manejo de doenças e pragas do café, despertando grande interesse de produtores e estudantes.

Professor Luiz Gonzaga de Castro Júnior (Inovacafé-UFLA), Juliano Tarabal (Federação dos Cafeicultores do Cerrado), Marcelo Malta (Epamig), Tiago Castro Alves (Fazenda Barinas) e Geórgia Franco (Lucca Cafés Especiais) estiveram juntos no Painel “Caminhos para produção de cafés de qualidade no Cerrado Mineiro” especialistas de diferentes elos da cadeia café tiveram discurso único: o produtor precisa conhecer seu produto, investir em conhecimento e qualidade.

Fonte: Departamento de Comunicação e Marketing da Federação dos Cafeicultores do Cerrado (Por Sônia Lopes)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *