Pequenos produtores são estimulados a vender para supermercados

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Evento debateu as melhores maneiras de inserção dos pequenos produtores rurais nas redes varejistas. (Foto: Divulgação)
Evento debateu as melhores maneiras de inserção dos pequenos produtores rurais nas redes varejistas. (Foto: Divulgação)

Fazer com que o pão de queijo da pequena agroindústria, o café gourmet produzido no Sul de Minas Gerais, os doces caseiros das fazendas e até o artesanato típico do estado sejam encontrados com maior facilidade nas prateleiras dos supermercados mineiros.

Este foi o foco da primeira edição do Circuito Mineiro de Compras Sociais, que debateu exatamente as melhores maneiras de inserção dos pequenos produtores rurais nas redes varejistas do estado. O evento foi realizado na terça-feira (13/9), na sede da Associação Mineira de Supermercados (Amis), em Belo Horizonte, e reuniu representantes de supermercados e 50 produtores rurais.

A iniciativa da Amis, em parceria com o governo de Minas Gerais – por meio do Fórum Permanente das Micro e Pequenas Empresas (Fopemimpe) da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Integrado e Fóruns Regionais (Sedif), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda) e patrocínio da Codemig – pretende fortalecer as economias regionais, criando novas oportunidades de comércio envolvendo os pequenos produtores.

“O papel do Fopemimpe é ser a principal ferramenta do governo de Minas Gerais para discussão e construção de políticas públicas para melhoria do ambiente de negócio dos pequenos produtores”, afirma o secretário-geral do Fórum, Fernando Passalio. Para Fabio Cherem, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Integrado e Fóruns Regionais (Sedif), “a iniciativa é fundamental para mudança socioeconômica dos pequenos produtores de todas as regiões do estado de Minas Gerais”.

O secretário de Estado de Desenvolvimento Agrário, Professor Neivaldo, relembra os esforços do Governo de Minas Gerais em divulgar e fomentar a agricultura familiar e o consumo ligado ao setor. “Temos muitos desafios, mas o papel da secretaria é dialogar com as entidades para melhoria das condições de atuação dos produtores, que são o foco desse debate”, assegura.

Representando 10 produtores mineiros, a vice-presidente da Associação Mãos de Minas, Natalícia Vieira, conta que a sua presença no evento teve como principal objetivo ver mais produtos nas prateleiras dos supermercados do estado.

Segundo Natalícia, a Associação atende a produtores de diferentes segmentos, indo do tradicional biscoito de polvilho até a geleia de alho com tecnologia pesquisada no deserto do Atacama, no Chile. “Investimos na qualidade do nosso produto, temos nota fiscal e certificação de qualidade. O que nos atrapalha é o excesso de burocracia e a falta de acesso aos grandes mercados”, explica.

Há 11 anos no mercado, a produtora Rosana Lagos produz geleias de amora e framboesa na cidade de Campestre, Sul de Minas Gerais. Ela conta que a receita para produção do doce, 100% artesanal e sem nenhum componente químico, é fácil. “Seleciono as frutas mais bonitas e coloco a mão na massa”, brinca. A produtora artesanal ressalta que as geleias são desenvolvidas em pequena escala, mas caso haja oportunidade, ela passaria a produzir mais para atender ao público. “Queremos participar de mais feiras” afirma.

Conquistar o mercado interno é também a demanda da cooperativa de café Coopfam, que hoje representa 420 famílias na cidade de Poço Fundo, no Sul do estado. Hoje, o café gourmet produzido pelos cooperados já caiu no gosto de oito países, dentre eles Estados Unidos e Alemanha. Segundo a representante da cooperativa, Edvânia de Fátima, o desafio agora é aumentar o consumo interno.

Ela observa que 80% da produção são voltados para o mercado externo, 15% para o consumo das famílias envolvidas e 5% para o consumo regional. Com a marca Café Familiar da Terra, a cooperativa desenvolveu o chamado “café orgânico feminino”, produzido por 30 mulheres de uma ONG denominada MOBI – Mulheres Organizadas Buscando Independência.

“O produto é desenvolvido com grãos mais adocicados, traduzindo a doçura da mulher”, revela a representante da cooperativa. A empreendedora ressalta que a entrada do café gourmet em supermercados especializados será um diferencial. “Nossa intenção é melhorar a vida dos cooperados, reconhecendo o produto e facilitando o acesso a outros novos mercados”, finaliza.

O superintendente da Amis, Antônio Claret, diz que, se depender da Associação, esses e outros produtores passarão a ter mais facilidade de apresentar seus produtos aos consumidores de Minas Gerais e todo o país. “O papel da Amis é também criar oportunidades para os pequenos fornecedores”, reforçou.

Alexandre Poni, presidente da Amis e representante da rede de supermercado Verdemar, conta que todo começo é difícil. Ele relatou aos produtores que a marca, hoje reconhecida nacionalmente, começou em um pequeno armazém. “Eu entendo e sei da necessidade de vocês terem mais visibilidade. Comigo foi assim. No meu caso, investi e ainda invisto muito na qualidade dos nossos produtos como um diferencial”, reforçou.

Capacitação como forma de inserção em novos mercados

Ao longo do dia, os produtores mineiros puderam se capacitar sobre temas como melhorias técnicas, embalagem, garantia de fornecimento e continuidade da produção. Os presentes também preencheram uma ficha com informações técnicas para seleção de 20 produtores que participação da próxima edição da Superminas.

O consultor da Amis, Robson Rodrigues, chamou atenção dos participantes para a necessidade não só de se buscar novos mercados, mas também de os produtos se tornarem mais competitivos. “Ter um diferencial é questão de sobrevivência no mercado. É necessário também investir na qualidade e nas parcerias com as redes de compra”, afirmou.

Para o representante da Seda, Lucas Oliveira Scarascia, o perfil do consumidor brasileiro, que tem valorizado cada dia mais os produtos naturais da agricultura familiar, deve ser visto como diferencial para o consumo dos produtos apresentados. “A gente acredita na força e no valor da agricultura familiar mineira como diferenciais”, destacou.

Representando a rede de Supermercados ABC, Anderson Rodrigues apresentou dados positivos sobre o atual momento do setor. Ele ressaltou que 65% das compras da rede são de empresas genuinamente mineiras. “Temos a certeza de que a economia local e regional deve ser fortalecida para garantir a sustentabilidade dos nossos negócios”, destacou.

Fonte: Agência Minas Gerais

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