Padrão atípico de chuva é consequência de El Niño
A primeira quinzena de julho está bastante atípica em relação ao volume de chuvas, o que tem preocupado os cafeicultores do Sudeste do Brasil. A presença de uma frente fria sobre a região manteve o tempo fechado e chuvoso também sobre todo o Centro-Oeste.
Nesta sexta, dia 10, haverá uma pequena trégua e o predomínio será de sol nas áreas de café. O problema é que a trégua dura pouco. Já no final do dia, uma área de baixa pressão se forma entre o Paraguai e a Argentina e leva chuva para o Paraná. De acordo com os meteorologistas, nos meses de julho e agosto até pode ocorrer uma ou outra chuva nos municípios do Sudeste e Centro-Oeste, só que sempre será passageira e de fraca intensidade.
Neste ano, devido à influência do El Niño, e também por conta das águas mais aquecidas do Atlântico, as frentes frias estão conseguindo avançar com maior facilidade sobre o Sudeste. Este padrão, que mais pareceria de verão se não fossem as baixas temperaturas, deixa os produtores apreensivos.
– Fomos obrigados a paralisar nossa colheita em função das chuvas – diz o produtor de café Luiz Conti, de Patrocínio, Minas Gerais.
Segundo ele, os produtores já acumulam prejuízos, tanto na quantidade, quanto na qualidade da produção.
– Essas chuvas vão antecipar a florada. Em poucos dias vamos colher as flores que seriam frutos para a safra 2015/2016 – explica ele.
Fábio Gomes, de Alterosa, sul mineiro, também reclama:
– Nosso café está debaixo de lonas, em secadores. Estamos fazendo o possível para manter a qualidade.
Segundo dados da Somar Meteorologia, os volumes de chuva nas estações meteorológicas destas duas cidades não foram muito elevados, mas como a chuva está distribuída de forma muito irregular, pode ter afetado mais uma lavoura do que outra.
– Não é comum chover mais do que 10, 20 milímetros em algumas cidades produtoras de café de Minas Gerais, nesta época do ano. A média climatológica histórica se mostra muito baixa e, portanto, qualquer chuva mais forte faz a média ser superada e deixa os produtores alarmados – explica Willians Bini, da Somar.
Segundo ele, ainda há previsão de chuva, principalmente para o Sudeste, a partir da semana que vem. Diferente do que aconteceu no inverno passado, os maiores volumes de chuvas estão ocorrendo sobre o Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Em 2014, foi observado esse padrão mais sobre o Rio Grande do Sul. Com estas chuvas previstas para os próximos dias, os trabalhos de campo, como colheita, plantio e realização dos tratos culturais serão afetados, gerando atrasos e provocando perdas regionalizadas de produtividade e de qualidade.
Fonte: Canal Rural