OIC: mercado global é pressionado por consumo do Brasil

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O mercado de café deve ficar ainda mais apertado com a expansão do consumo da bebida no Brasil, de modo que o maior produtor deve se tornar o maior consumidor já no ano que vem, declarou o presidente da Organização Internacional do Café (OIC), José Sette.

Em sua primeira estimativa para demanda em 2010, o grupo intergovernamental afirmou que o consumo no Brasil aumentou 4,1% no ano passado, somando 18,9 milhões de sacas de 60 kg, isto é, menos de 3 milhões de sacas abaixo do que foi consumido nos Estados Unidos.

"Alguns acreditam que o Brasil pode superar os Estados Unidos até o ano que vem", disse Sette. "Qualquer que seja a data exata, isso parece ser inevitável."
Safras com volume decepcionante em importantes países produtores, como Colômbia e Indonésia, restringiram a oferta nesta temporada, especialmente a de grãos de qualidade.

Os preços do arábica estão perto das máximas em 14 anos e analistas preveem que voltem a alcançar maior nível já registrado, de 400 cents/lb, enquanto os preços do robusta estão nas máximas em três anos.
Diante da baixa produção em outras regiões, o Brasil vem sendo o principal fornecedor do mercado internacional.

As exportações aumentaram 22,5% no acumulado de quatro meses da safra 2010/11, em relação ao mesmo período do ciclo anterior, somando 12,8 milhões de sacas. Mais da metade dos embarques é de café arábica.
Mas Sette lembrou que o Brasil está entrando no ciclo de bienalidade negativa – a produção deve cair 5 milhões de sacas, para 43 milhões de sacas – e o consumo doméstico continua crescendo.

Isso fará com que os mercados enfrentem pressões crescentes em 2011/12, segundo o presidente da OIC. "Até o momento, o Brasil foi capaz de aumentar o consumo doméstico e as exportações ao mesmo tempo", comentou.

"Entretanto, isso foi conseguido em parte por causa da redução dos estoques, o que não é mais possível."
De acordo com estimativas da OIC, o nível dos estoques globais caiu em um terço no ano passado, deixando reservas de 13 milhões de sacas no início desta temporada. Os estoques mantidos em países importadores foram estimados em 18,3 milhões de sacas no fim de 2010.
A demanda se fortalece em países em desenvolvimento e deve impulsionar o consumo global para 132,5 milhões de sacas, ante 131,2 milhões de sacas em 2009.

O crescimento médio anual na última década foi de 2,3%. Nesse contexto, Sette avalia que uma elevação adicional dos preços no varejo é "inevitável", enquanto as companhias se esforçam para absorver custos extra. "Obviamente, quando os preços sobem tanto, elas são forçadas a repassá-los em algum ponto", disse. "Isso já está acontecendo e a alta dos preços parece inevitável."

No entanto, Sette afirmou que o avanço das cotações deve ajudar a estimular o plantio e a produção na próxima temporada. "No curto prazo, os preços vão permitir que os produtores cuidem melhor das plantas; no médio prazo, há relatos de rejuvenescimento de alguns cafezais", completou.

Fonte: Coffee Break

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