O CAFEICULTOR NÃO DEVE DESANIMAR. AS PERSPECTIVAS SÃO BOAS

Nas principais regiões produtoras do Brasil já começou a colheita de café. Embora esta seja uma safra de baixa no ciclo bianual da cultura, a perspectiva de uma boa produção fez baixarem as cotações internacionais e o preço interno do produto.

Em janeiro deste ano, a Companhia Nacional de Abastecimento previa uma colheita entre 47 e 50 milhões de sacas de 60 kg beneficiadas. Uma queda pequena em relação à obtida na última safra, que foi de alta e recorde histórico.

É provável que o próximo levantamento da CONAB, a ser publicado nos próximos dias, indique uma redução sobre a previsão anterior, porém não suficiente para recuperar de imediato os preços do café.

Atualmente, não se repete a situação adversa da produção em outros países, que em passado recente beneficiou as cotações do produto e as exportações brasileiras. 

Com os períodos de bons preços os produtores nacionais decidiram investir mais em suas lavouras. Desde novos plantios e renovação de cafezais até a intensificação de tratos tecnologicamente mais adequados.

Isso fez aumentar a produtividade e vem permitindo reduzir o diferencial histórico que sempre existiu entre os anos de baixas e altas produções.
Nas últimas oito safras, enquanto nos anos de alta a produção aumentou a uma taxa de 3,3% ao ano, nos anos de baixa ela evoluiu a uma base de 5,3%, o que mostra tendência de equalização.

Do início dos anos 2000 até aqui, o diferencial entre ciclos saiu da faixa dos 30% para menos de 10%. Fazem isto os bons tratos e tecnologia.

Com os preços a situação é menos direta. Relação entre oferta e consumo, disponibilidade de estoques e expectativas mandam no jogo. Se assim, penso que o consumo interno e mundial se manterá firme e inverterá a tendência de baixa das cotações.

Na semana passada, os preços do café tipo arábica, de boa qualidade, no mercado interno, estavam pouco acima de R$ 300, incompatíveis com os atuais custos de produção das lavouras.

Nesse sentido, governo e produtores negociam a definição de um novo preço mínimo para o produto, que permita, pelo menos, o equilíbrio na rentabilidade da cultura.

O atual, para o café tipo arábica, de R$ 261,69, não é reajustado desde 2009. Não precisou, pois sempre esteve bem abaixo do que foi o mercado no período. O setor pede R$ 340,00. O mais provável é o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovar algo em torno de R$ 320,00.

Não deixará os produtores contentes, talvez sim aliviados.

Ainda assim, o melhor é continuar apostando em manter a produtividade, reduzir os custos e aguardar que os fundamentos do mercado façam as cotações subirem.

* Rui Daher – Administrador de empresas, consultor da Biocampo Desenvolvimento Agrícola, produtor rural. Trabalhou por mais de 30 anos em empresas do agronegócio. [email protected]

Fonte: Terra Magazine

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *