Nova safra vai ditar os preços da saca, diz presidente do Centro de Comércio de Café de Minas Gerais
“O que vai ditar os preços de agora pra frente vai ser a nova safra. Se nós tivermos algum problema climático, o mercado pode reagir. E se nós tivermos uma perspectiva de uma safra muito grande pro ano que vem, logicamente o mercado vai demorar um pouco mais para sair dessa situação”, afirma Archimedes Coli Neto.
Isso porque um dos principais motivos para a redução do preço é o próprio café. Ou melhor, a grande quantidade produzida nos últimos anos.
Como a venda do café segue a lei da oferta e da procura, neste período as cotações vieram recuando, com uma disponibilidade muito maior de café do que a demanda. E isso tem perdurado ao longo de pouco mais de um ano.
Archimedes Coli Neto é presidente do Centro de Comércio de Café de Minas Gerais — Foto: Luiz Valeriano/Ascom CCCMG
Segundo Coli Neto, este ano a safra tem sido menor, algo em torno de 20 a 25% se comparada ao ano anterior, com qualidade bem inferior também, e mesmo assim o mercado tem reagido.
Estipular um prazo ou fazer uma previsão de quando a situação para o produtor vai melhorar é difícil, pois são diversos os fatores que podem determinar o rumo dos preços, como por exemplo a economia, a política externa e o dólar.
“Muitas vezes a gente vê o mercado caindo e já acha que são por fatores do café, mas as vezes não é. São condições externas que contaminam o mercado de uma maneira geral, tanto o café como outros produtos. Nós tivemos nos últimos dias uma desvalorização muito grande do peso argentino, e isso derrubou as bolsas aqui no Brasil, o que fez o dólar subir, e estes são elementos que também interferem no mercado de café. O mercado é muito sensível a muitas notícias”, explica o presidente da CCCMG.
Alta produção de café impacta no preço da saca — Foto: Régis Melo/G1
Mas como o produtor pode passar por este momento crítico?
O Brasil tem uma série de opções de venda de café:
- trocas
- travas
- CPR
- vendas futuras
- vendas imediatas
Todas são opções para o produtor conseguir passar pelo momento crítico. Para Coli Neto, o produtor deve abrir o leque de negociações e considerar a melhor opção, pois o café dá uma ou duas oportunidades todo ano para o produtor vender o seu produto um pouco melhor.
“A melhor coisa é ter o custo ajustado, ter a conta na ponta da caneta, tudo anotado no papel, saber exatamente quanto custa sua saca de café, para que ele tenha a noção do momento que deve fazer a operação ou não”, disse.
Como a comercialização não apenas do café, mas de outros produtos também, está cada dia mais rápida, muito mais globalizada, ter os custos bem apurados é primordial para que se possa fazer um negócio bem fundamentado, ser rápido nas decisões e, consequentemente, obter lucro das vendas, explica.
De acordo com o presidente da CCCMG, outra boa sugestão para o produtor é não especular com o mercado de café, pois a pessoa pode se machucar muito e ter um prejuízo não esperado.
Por fim, o produtor deve estar atento ao mercado, que já passou por outros momentos de valorização e desvalorização, com crises afetando os cafeicultores. No entanto, como todo ciclo, uma hora os preços devem se recuperar.
“Aquele que especulou com o mercado de café dois anos atrás e veio segurando, achando que café de R$ 550, R$ 600 estava com um preço ruim, e tomou dinheiro, pagou juros, ele se machucou muito. Pagou juros da sua própria mercadoria, do seu próprio capital, deixou de vender o café por um preço melhor, e veio a vender a preço pior. Ele perdeu duplamente”, conclui.
Produtor deve estar atento ao mercado de café — Foto: Luiz Valeriano/Ascom CCCMG