Neri Geller declara que efeito da seca na produção de café não será tão severa

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A agência de notícias Bloomberg informou terça-feira (3) que o ministro da Agricultura brasileiro, Neri Geller, afirmou que “os produtores de café estão enfrentando perdas menos severas, depois que as chuvas do último mês reduziram o impacto da pior seca registrada no Brasil em 50 anos”.

Geller teria informado também que as previsões de safra divulgadas pela Conab, que apontavam para uma produção de 44 milhões de sacas, deverão ser revisadas, já que o impacto da seca teria sido "amenizado", segundo sua análise. "Eu não vou falar em números, mas esperamos uma produção maior que esta", teria dito o ministro em uma entrevista direto de seu escritório, em Brasília. "Os produtores estão cuidando mais de suas plantas, porque os preços subiram, então poderemos ter uma safra melhor no ano que vem".

O ministro também teria afirmado que a venda dos estoques governamentais de café ainda poderão ser feitas até o final do ano. "Nós temos autorização para fazer a venda, mas só faremos se os preços subirem muito".

Mercado em queda
As cotações do café no mercado futuro registraram fortes quedas nos últimos dias, atingindo os menores preços desde o início do ano. No início desta semana, os contratos do café arábica na Bolsa de Nova Iorque para entrega mais próxima perderam o patamar dos U$ 1,80 a libra-peso. De acordo com a Bloomberg, as chuvas registradas nas regiões produtoras do Brasil teriam feito o mercado acreditar em uma possibilidade de melhora no rendimento da safra.

Os contratos futuros para o café arábica caíram 23% em relação à maior alta em dois anos, registrada em abril deste ano. O aumento dos estoques norte-americanos de café estaria ajudando a amortecer o impacto da queda de produção no Brasil.

Outro fator que trouxe um “falso sentimento” de segurança para os países compradores foi a divulgação da estimativa para a safra brasileira feita pela trading Mercon Group, que aponta para uma produção de 50,5 milhões de sacas. O volume é ainda maior que os 49,5 milhões de sacas estimados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em maio.

Segundo Boyd Cruel analista sênior da Vision Finacial Markets, baseada em Chicago, as previsões de produção maior “sugerem que o dano não foi tão significativo quanto o esperado… Também estamos com a colheita em andamento e a condições continuam ideais, sem interrupções”.

Relatório da Mercon
Em seu último relatório, a trading Mercon informou que as plantas nas áreas mais atingidas pela seca no Brasil estão se recuperando. A análise da trading é extremamente conservadora em relação a outras fontes, como a própria Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que prevê uma safra de 44,6 milhões de sacas de 60 kg.

Os preços do café já subiram 52% este ano, fazendo do café a commodity com melhor performance em 2014.

A estiagem sem precedentes que atingiu o país por três meses, deixando as lavouras praticamente sem umidade, fez com que a Volcafe, divisão de café da trading de commodities ED&F Man, estimasse a maior redução de oferta global de café em mais de uma década.

De acordo com a Volcafe, baseada em Winterthur, Suíça, a demanda deverá exceder a produção em 11,3 milhões de sacas.

O grupo Ipanema Coffees, principal fornecedor da Starbucks Corp., divulgou que espera uma redução de 40% em relação às safras dos últimos anos. “É um erro supor que as chuvas irão resolver o problema que tivemos”, afirmou Washington Rodrigues, presidente e chefe executivo da empresa baseada em Alfenas-MG. “Uma vez que o crescimento vegetativo foi perdido, você não consegue recuperá-lo”.

Rallies devem continuar
Os fundos de hedge estão indicando que o rally de preços deverá continuar este ano. Os operadores reduziram suas posições de longo prazo em 3,4% para 39.482 contratos até o dia 27 de maio, a segunda queda em três semanas. Os preços caíram 14% no mês passado, marcando o maior recuo desde 2011.

Os estoques de café não-torrados nos Estados Unidos aumentaram 7,6% em abril, em relação ao ano anterior, de acordo com a Associação Green Coffee, baseada em Nova Iorque. “Nós não saberemos o tamanho exato das perdas de safra no Brasil até julho”. De acordo com a associação, esta incerteza deve manter a volatilidade alta durante o inverno, quando geadas poderão trazer mais prejuízos às plantas, de acordo com Boyd Cruel.

Preços em alta nos EUA
O site norte-americano The Wall Street Journal afirmou que as recentes quedas nas cotações do café arábica não irão evitar a alta dos preços nos supermercados e cafeterias dos Estados Unidos. Na verdade, as altas já começam a ser registradas nos cafés vendidos no país.

A empresa alimentícia J.M. Smucker Co. informou nesta terça-feira (3) que os preços de marcas populares como Folgers e Dunkin’ Donuts tiveram uma alta média de 9%.

Segundo o Wall Street Journal, as recentes altas são sinais de que os grandes picos no mercado futuro registrados no início deste ano então chegando aos consumidores. Analistas de mercado também esperam que a confirmação de uma safra pequena irá reduzir ainda mais a oferta global de café arábica.

Fonte: Notícias Agrícolas

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