Minas, onde o arábica predomina, resiste ao conilon

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Enquanto no extremo sul da Bahia a área de robusta avançou nos últimos anos, em Minas Gerais – principal produtor de café do país -, os plantios da espécie não são significativos e se concentram em regiões mais próximas da divisa do Estado com o Espírito Santo.

Ainda não existem estimativas oficiais sobre a área cultivada e a produção do conilon em terras mineiras, mas o plantio está presente em partes de regiões como a Zona da Mata, leste e no norte. De acordo com Niwton Castro Moraes, assessor especial de café da Secretaria de Agricultura de Minas, alguns cultivos foram iniciados há mais de dez anos e muitos são irrigados.

Ele afirma que o conilon deve representar menos de 1% da produção mineira de café, que é predominantemente de arábica. A produção total de café em Minas é estimada em 22,992 milhões de sacas nesta safra 2014/15, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Ricardo Tadeu Galvão Pereira, coordenador técnico regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) de Muriaé, diz que a Zona da Mata tem grande potencial para a produção de conilon. A região de Muriaé, por exemplo, tem altitude abaixo de 400 metros e temperatura anual mais alta, condições favoráveis para o cultivo de conilon. Ele explica que o café arábica só pode ser cultivado em altitude acima de 600 metros.

Segundo Pereira, o plantio de conilon em algumas áreas da Zona da Mata tem sido opção de diversificação à pecuária de leite. Agrônomo, Pereira também iniciou no ano passado uma lavoura de conilon em apenas três hectares. Por causa da seca e do forte calor este ano, ele teve de replantar alguns cafeeiros este ano.

O coordenador técnico regional da Emater avalia que há interessados em cultivar conilon na região e considera que existem perspectivas para a agricultura familiar. O grande gargalo, na sua avaliação, é a mão de obra cara e não qualificada.

Mas há quem considere que falta incentivo para a expansão do plantio de conilon em Minas. Paulo Roberto Vieira Corrêa, coordenador técnico da Emater em Manhuaçu, diz que não há pesquisa sobre o conilon no Estado. As tecnologias e variedades clonais usadas foram desenvolvidas por órgãos do Espírito Santo, o maior produtor brasileiro de café robusta.

Segundo Corrêa, no município de Pocrane, na região de Manhuaçu, há cerca de 300 hectares cultivados com conilon, a maior parte em pequenas propriedades de agricultores familiares. A produtividade média do grão irrigado é de cerca de 70 sacas por hectare.

Fonte: Valor Econômico (Carine Ferreira)

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