Mesmo na pandemia, consumo de café cresceu 35% em março, diz Abic

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O café manteve sua preferência na decisão do consumidor em meio à crise trazida pelo coronavírus. Mesmo com a mudança no consumo, que deixou as cafeteiras e se concentrou no lar, por conta das restrições de movimentação nas cidades, o consumo do produto aumentou 35% em março, de acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Ricardo de Souza Silveira, que participou de uma transmissão ao vivo pelo perfil da Globo Rural no Instagram, nesta terça-feira (14/4).

“Isso é atípico, mas foi devido à quarentena. Tivemos alguns problemas pontuais, porque, em algumas cidades que fecharam todo o comércio, não tinha como os caminhões entrarem com a matéria-prima e deslocar até a indústria. Mas o mercado voltou à normalidade. O abastecimento está normal”, disse ele.

Silveira descartou a possibilidade das indústrias de café terem problemas mais significativos por conta da pandemia do coronavírus. Avaliou que podem ocorrer dificuldades de logística, afetando a entrega de um ou outro produto, mas que seriam pontuais.

O executivo pontuou, no entanto, que, apesar do consumo dentro de casa compensar a queda na demanda fora, há uma preocupação da indústria com a situação das cafeterias. Explicou que esses estabelecimentos costumam trabalhar com uma bebida de qualidade superior e poucas opções de produtos além do café. Silveira informou ainda que a Abic tem procurado parcerias para incentivar o delivery, embora reconheça que esse tipo de serviço não é tão comum quando se trata do varejo de café.

Segundo o presidente da Abic, a expectativa para os próximos meses é de manutenção dos níveis de consumo. Mas ele admite que a indústria está receosa em relação à situação econômica dos consumidores. Não significa, disse ele, que o brasileiro deixará de tomar café, mas pode reduzir a quantidade consumida diariamente.

“Apesar do café significar pouco em matéria de preço no consumo das famílias, estamos um pouco receosos. Mas a expectativa é de manter os níveis do ano passado”, afirmou.

presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Ricardo SilveiraPresidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Ricardo de Souza Silveira, descartou a possibilidade das indústrias de café terem problemas mais significativos por conta da pandemia do coronavírus (Foto: Arquivo)

Safra
O presidente da Abic manifestou expectativa positiva em relação à safra de café, que está na fase inicial da colheita deste ano. Na avaliação dele, será um ano de produção maior e de melhor qualidade. Para Silveira, a oferta maior não deve significar uma pressão sobre os preços do mercado, já que a indústria precisa de grão de melhor qualidade e o Brasil tem esse produto para oferece.

“Esqueça isso, que o volume vai levar o preço em baixa. Não vai levar. O café caiu no gosto do mundo e o Brasil tem condições de oferecer esse café. Produtor, não se preocupe com essa ideia de que esse volume vai derrubar preço. Vamos fazer uma grande qualidade”, afirmou.

Questionado sobre a posição da indústria diante dos atuais níveis de preço do café, Ricardo de Souza Silveira evitou dizer se a situação é confortável para as processadoras. Disse apenas que o melhor preço é aquele com o qual se remunera toda a cadeia, inclusive o produto. E que o mercado estaria melhor com uma cotação mais equilibrada do dólar.

“Agora está no chamado vazio do café porque estamos próximos da chegada de uma grande safra. Vamos dizer que os preços estejam bons, mas no sentido que há uma grande variação cambial”, afirmou.

Na visão do presidente da Abic, o produtor deve trabalhar para tirar seu café da condição de commodity e procurar agregar valor pela qualidade. Uma das recomendações é participar de concursos de qualidade, como os promovidos pela própria associação. Segundo ele, a indústria tem interesse em fazer parcerias, inclusive com os cafeicultores de menor porte

Colheita e coronavírus
Em relação às recomendações de segurança relacionadas à pandemia de coronavírus, Silveira afirmou que os produtores maiores estão mais preparados e estruturados em relação aos procedimentos a serem adotados para garantir a colheita. Para os pequenos produtores, diz ele, a orientação é procurar as entidades ligadas à agropecuária, que têm um trabalho de orientação a respeito da prevenção contra a doença.

“O grande produtor se profissionalizou, extremamente profissional, talvez no nundo não haja alguém igual. Pode ter certeza de que todas as medidas de vigilância sanitária serão tomadas. Os sindicatos rurais estão orientando os pequenos. Tem cidade que não tem nenhum caso de coronavírus e trabalha de uma forma um pouco diferente de lugares onde já possa ter a pandemia mais evoluída”, explicou o executivo.

Fonte: Redação Globo Rural

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