Mercados de commodities receberam US$ 60 bi no ano

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O total de investimentos financeiros nos mercados de commodities baterá novo recorde ao alcançar cerca de US$ 360 bilhões esta semana. Dez anos atrás, esse segmento de ativos só representava US$ 10 bilhões sob gestão. Conforme o banco BarclaysCapital, de Londres, o fluxo líquido de investimentos adicionais nos índices de commodities este ano deve fechar próximo dos US$ 60 bilhões. Investidores institucionais dominaram as aplicações em matérias-primas em 2010, diversificando seus ativos.

Para analistas, o "afrouxamento monetário" nos países desenvolvidos continuará empurrando mais investidores para ações e matérias-primas, em vez de títulos de dívida, por exemplo. Além disso, a atração se explica pela explosão de preços em 2010 em vários mercados de commodities. Produtos como algodão, paládio, café e trigo tiveram altas históricas, superando inclusive a alta de preço do ouro.

O desempenho das commodities é ainda mais significativo porque ocorre no rastro da pior recessão dos últimos tempos que causou um massacre ao redor do mundo.

Os preços de cobre, estanho, borracha e carne de porco também alcançaram recordes históricos este ano. As cotações de açúcar e prata foram as maiores em 30 anos, enquanto as de café e paládio superaram os picos de 13 e 10 anos respectivamente. O crescimento da demanda de petróleo, principal matéria-prima mundial, foi o mais forte em trinta anos. A importação de carvão deve igualmente bater recorde.

Também a demanda global deve superar os picos históricos no biênio 2010/2011 para a maioria dos produtos agrícolas, de acordo com o Barclays. Somente as importações de milho por parte da China aumentaram 3000% em um ano.

O Rind Index, que monitora metais de base atípicos que não são negociados em bolsa, cresce junto com os preços de commodities em geral, indicando a persistência da forte demanda na Ásia. Sem surpresa, a China representa a maior parte dessa demanda.

No entanto, os investimentos financeiros em commodities estão sob crescente pressão de governos, que veem ampliação anormal da volatilidade dos preços e danos para produtores e consumidores.

Em novembro, a forte queda nos preços de matérias-primas durou pouco, mas serviu para ilustrar essa situação. Somente a cotação do açúcar caiu 20% em dois dias.

Essa volatilidade entra de vez na agenda internacional com a decisao da França de buscar no G-20, que reúne as maiores economias desenvolvidas e emergentes, uma melhor regulação dos mercados financeiros ligados às commodities.

Paris estima que os derivativos, concebidos como proteção contra grandes flutuações de preços, tornaram-se ativos financeiros como os outros, utilizados para especulação e favorecendo, na prática, as repentinas altas e baixas dos preços agrícolas e de commodities ligadas à energia.

Estudo preliminar da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), espécie de clube dos países ricos, avalia no entanto que no geral a volatilidade dos preços das matérias-primas não é muito diferente do que aconteceu nos últimos 50 anos para vários produtos. Ou seja, saltos de preços da maioria das commodities agrícolas nos últimos 50 anos seguiram um ritmo similar – valorização em um ano seguida de forte queda no seguinte.

Fonte: Valor Econômico

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