Mercado valoriza cafés especiais de Minas Gerais

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Investir na produção de cafés especiais se tornou um negócio rentável para os cafeicultores de Minas Gerais. De acordo com os dados da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês), a demanda pelo produto cresce cerca de 10% ao ano, enquanto nos grãos comuns o índice fica em torno de 3%. A alta procura tem trazido resultados positivos para o setor, enquanto a saca de 60 quilos do café é comercializada a R$ 560, o mesmo volume dos cafés normais gira em torno de R$ 430.

Os preços dos cafés especiais vêm batendo recordes, principalmente os premiados. Segundo a BSCA, 31 lotes vencedores do 11º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil, realizado em novembro de 2010, quebraram o recorde mundial de comercialização nos leilões do Cup of Excellence, realizados via internet na terceira semana de janeiro, ao obterem uma receita total de US$ 738,506 mil.

No pregão os lotes também bateram o recorde nacional de melhor preço médio, alcançando o valor de R$ 1,846 mil por saca de 60 quilos. Segundo o presidente da BSCA, Luiz Paulo Dias Pereira Filho, o recorde obtido no leilão é resultado da maior dedicação dos produtores em investir nos cafés especiais. "O cafeicultor a cada dia investe e busca por maior qualidade. Os resultados são cafés diferenciados, com preços recordes e que atraem a atenção de compradores de todo o mundo", disse Pereira Filho.

Os produtores mineiros estão em destaque no mercado de cafés especiais. A estimativa é que cerca de 10% a 20% da produção mineira total do grão são de cafés especiais. O volume é considerado pequeno frente à demanda. O Estado é responsável pela produção de 51% dos cafés especiais do país.

Leilão – Os investimentos na qualidade do café produzido em Minas Gerais foram recompensados no leilão realizado pela BSCA. O maior lance foi de US$ 3,313 mil por cada uma das 20 sacas disponibilizadas pela Grota São Pedro, em Carmo de Minas, região Sul do Estado. A compra foi feita através de consórcio formado entre empresas japonesas e uma brasileira. O lote rendeu um total de US$ 66,271 mil.

A segunda maior cotação do pregão foi paga ao café da Fazenda Serra do Boné, em Araponga, região da Zona da Mata de Minas Gerais. O café foi o vice-campeão do 11º Concurso de Qualidade Cafés do Brasil. O lote composto por 20 sacas foi arrematado por US$ 1,6 mil a saca, gerando um total de US$ 32,011 mil.

"Com os resultados positivos alcançados nos concursos de qualidade e os preços recordes dos leilões esperamos despertar o maior interesse dos produtores para que a oferta de cafés especiais seja alavancada em Minas e no país. O Estado tem todas as condições para produzir um volume maior do produto que vão desde o clima e solo favoráveis à experiência dos produtores. O que precisa para incrementar a produção é de cuidados maiores na hora de tratar e selecionar somente os grãos perfeitos", disse Pereira Filho.

As expectativas em relação à safra 2010/2011 são positivas. A consecutiva quebra de safra da Colômbia contribuiu para que o café especial produzido no país ganhasse maior espaço no comércio mundial. Segundo Pereira Filho, a incerteza de fornecimento do grão pela Colômbia está comprometendo a credibilidade do país. Diante a incerteza, os compradores estão abrindo espaço para o café brasileiro.

Oferta – "Em 2010 vários fatores positivos contribuíram para o bom desempenho do mercado. A oferta restrita do grão no mundo abriu espaço para o café brasileiro, dando oportunidade de se comprovar que o nosso café é tão bom quantos os grãos mais valorizados do mundo. Acreditamos que durante este ano vamos expandir ainda mais a participação, mas para isso o produtor deve manter os cuidados e se preocupar cada vez mais com a qualidade dos grãos", disse Pereira Filho.

Atualmente os principais compradores do produto mineiro são o Japão, Taiwan, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos. Cerca de 80% da produção é exportada. "O mercado para os cafés especiais está em plena expansão e é influenciado pelo crescimento das cafeterias no Brasil e nos principais países compradores do produto".

O Estado produziu na safra 2009/2010 cerca de 2,5 milhões de sacas do produto, o que representa 50% do volume colhido no Brasil. A produção ficou estável ante a safra anterior. A manutenção do volume se deve, principalmente, a fatores climáticos desfavoráveis, como a estiagem, que provocou o crescimento e o amadurecimento irregular dos grãos.

Fonte: Diário do Comércio – MG

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