MERCADO SOBE FORTE E ATRAI ORIGENS

A perspectiva de que o Banco Central Europeu ingresse na modalidade expansionista monetária de compras de títulos ajudaram os mercados acionários da Europa a subir forte nos últimos cinco dias, acumulando os melhores ganhos mensais desde fevereiro último.

O apetite dos investidores no mercado de renda fixa fez com que os rendimentos (yields) dos papéis das dívidas de dez anos da Alemanha, Itália, França e Espanha atingissem o menor patamar na história. O Euro também desvalorizou para sua mais baixa cotação em onze meses. A notícia de que um grande fundo de investimento foi apontado como conselheiro a um eventual programa de compra de títulos, e a mais baixa inflação registrada entre os países da moeda comum deram uma confiança adicional aos analistas de que Mario Draghi deve em breve anunciar nova injeção de liquidez – o QE (quantitave easing).

O S&P500 fez nova máxima, fechando acima de 2000 pontos pela primeira vez, assim como o IBOVESPA encerrou em níveis que não se via desde janeiro de 2013 – o último ajudado pela divulgação da pesquisa eleitoral que sinaliza a derrota da presidente Dilma nas eleições deste ano.

Os índices de commodities tiveram um desempenho positivo na semana, liderados pelo café em Nova Iorque que subiu 7.24%, ou US$ 18.32 por saca. Londres não conseguiu acompanhar, ganhando apenas US$ 2.82 por saca, mas ao menos atingiu os melhores preços desde julho.

As poucas chuvas que caíram no cinturão de café brasileiro, esparsas e com cobertura limitada, juntamente com o prognóstico de precipitações insuficientes para “assegurar umidade adequada” (palavras da Somar) nos próximos 10 dias, e um relatório de um grande player mundial de café, foram os motivos para provocar o rally do terminal.

Os operadores que na semana retrasada venderam o mercado tentando antecipar uma liquidação dos fundos com a eventual chegada das chuvas, fizeram movimento inverso nesta semana e incrementaram suas posições compradas, de forma que deixa uma vulnerabilidade para baixo tão logo chuvas regulares venham acontecer.

As origens em geral aproveitaram que as cotações voltaram a negociar acima de dóis doláres e não se intimidaram em fixar suas vendas em bom volume, com participação de praticamente todos os produtores de arábica, segundo informaram as principais agências de notícias.

Os diferenciais baratearam, como de costume, e mesmo assim a demanda não melhorou – para o desespero de quem precisa vender café para girar seus livros ou pagar seus financiamentos.

Um importante participante do mercado manteve sua estimativa da safra brasileira 14/15 em 47.7 milhões de sacas, com potencial de revisão para 46.7 milhões de sacas, e disse que preliminarmente está considerando a safra 15/6 em 45.5 milhões de sacas – o que significará o terceiro ciclo consecutivo de déficit mundial, de acordo com seus números.

Outro ponto positivo para o mercado futuro foi a declaração de alguns agrônomos no Brasil dizendo que as árvores de café já estão em um ponto que mesmo as chuvas começando não farão com que os pés recuperem vitalidade para ter uma boa produção no próximo ano.

Esta segunda-feira, dia 1 de setembro, as bolsas estão fechadas nos Estados Unidos para celebrar o labor-day, ou dia do trabalho, feriado que marca o fim do verão (não-oficial) e das férias escolares.

Torradores e dealers não estão demonstrando pressa de comprar café, seja por ter uma cobertura razoável até pelo menos o período das floradas brasileiras, ou por verem uma boa disponibilidade no spot.

Tecnicamente o contrato “C” está consolidando os ganhos recentes, mas dando a impressão de que não vai ficar muito tempo ao redor de US$ 200 centavos. Em minha opinião o mercado ou busca novas altas caso não chova logo, ou vai testar os US$ 180 centavos, com a chegada de chuvas regulares e em bom volume.

Uma boa semana e muito bons negócios a todos.

* Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting

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