Mercado de Café – O peso dos certificados

A Grécia volta às manchetes por causa das cabeçadas entre Alemanha, França e o banco central europeu.

O cidadão alemão que normalmente se aposenta 5 anos mais tarde do que o grego e paga impostos altos, está torcendo o nariz para ajudar um país mais relaxado com suas contas.

As declarações conflitantes de que o país deverá procurar ajuda do FMI, gerou desconforto com a moeda européia.

As bolsas porém conseguiram se desvencilhar e subir.

Por outro lado as commodities não tiveram força, e a maior parte caiu.

O café surpreendeu na quinta-feira quebrando os US$ 135 centavos em Nova Iorque, mas no dia seguinte voltou a cair e fechou a semana inalterado.

Tecnicamente o mercado volta para dentro do intervalo entre 130 e 135 centavos, enquanto o relógio continua trabalhando contra uma potencial alta, já que nos aproximamos do início da safra brasileira.

Os altistas não concordam com o argumento, dizendo que os diferenciais firmes guardam uma surpresa explosiva. Alguns inclusive têm comparado o momento atual com o vivido em 1997 quando houve o aperto de oferta dos café suaves.

A diferença fundamental é que naquela época os estoques certificados somavam menos do que 50 mil sacas, e hoje são 2.7 milhões de sacas. E o que é pior, os estoques atuais são antigos e de qualidades que não substituem a necessidade de quem precisa de café fino, motivo pelo qual os diferenciais negociam na estratosfera há algum tempo, e a bolsa não. Um leitor assíduo e que sempre participa com suas opiniões questiona qual a relação.

É simples, a bolsa é um “fornecedor” e “consumidor” constante. Se não há café no mercado físico e um torrador, por exemplo, precisa de café, este compra o contrato futuro e recebe a mercadoria. Agora se há muito café disponível e poucos compradores, a bolsa é uma alternativa para um produtor entregar seu produto. O problema atual, ou dos últimos 2 anos pelo menos, é o peso dos estoques certificados, que em sua maioria é composto de café velho e de qualidade bem inferior aos Colombianos e Guatemaltecos que estão escassos. Ou seja, não adianta nada o torrador comprar a bolsa e esperar para receber o café, pois o mesmo não servirá para seus blends.

É este o motivo principal do descolamento entre bolsa e diferenciais.

Voltando ao assunto da safra brasileira, parece difícil imaginarmos que não haverá pressão vendedora nos primeiros meses que começam com a colheita.

Como referência podemos constatar os preços que têm sido negociados alguns contratos à termo e CPRs para o segundo semestre do ano, algo em torno de R$ 240.00 a saca. Comparando com os preços atualmente praticados, o valor representa R$ 35.00 reais a menos.

Isto significaria dizer que se moedas e diferenciais se mantém nos mesmos níveis de hoje, Nova Iorque poderia cair uns US$ 15 centavos, sem contar uma eventual venda por parte dos fundos.

A incapacidade do mercado de segurar ganhos acima de US$ 2.00 centavos, e o sazonal de baixa se aproximando nos deixa cautelosos com nossa visão de curto prazo positiva.

O mercado não está tendo força para subir, e quando o faz encontra um volume de venda suficiente para desanimar os altistas, portanto podemos começar a ver os preços do terminal escorregar mais, eventualmente testando os níveis de US$ 128.00 e US$ 125.00 centavos por libra peso.

Aproveitem a constante volatilidade barata, que como mencionamos aqui deve começar a encarecer no meio do mês de abril, para comprarem proteção de preço.

Aos produtores parece não haver muita alternativa, a não ser aproveitarem o momento para fixar parte dos seus cafés, já que a safra não será pequena.

Tenham uma ótima semana e muito bons negócios.

* Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting

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