Medo da estiagem faz milho subir 17,5% na BM&F

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Assim como nos Estados Unidos, o clima foi o principal responsável pelos desempenho dos preços das commodities agrícolas na BM&FBovespa. O mercado, no entanto, teve dois momentos bem determinados: a expectativa de uma estiagem prolongada, resultado da transição do El Niño para a La Niña, e o início efetivo da temporada de chuvas, que foi registrado a partir da segunda metade do mês passado.

Na bolsa brasileira, o milho foi o produto que mais foi influenciado pelo mercado climático. Os preços do grão acumularam uma valorização de 17,5% em setembro, diante da expectativa que a falta de chuvas pudesse atrasar o plantio da próxima safra no Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. O preço médio do milho da BM&F em setembro foi de R$ 26,55 por saca, o valor mais alto desde julho de 2008.

"Apesar da chegada das chuvas, os fundos continuam acreditando na valorização dos grãos no mercado internacional, incluindo o Brasil, mas com forte enfoque para o milho", diz Eduardo Tang, analista da Gradual Investimentos.

O analista lembra que apesar de o mercado do milho na BM&F ter uma certa independência da bolsa de Chicago, em setembro, as duas bolsas seguiram as mesmas tendências. Isso porque, existia no mercado doméstico a expectativa que o Brasil fosse agressivo nas exportações no mês passado, devido aos leilões para escoamento da produção realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

"Com o início das chuvas, outubro será diferente do ponto de vista climático. Dependendo do Estado, o plantio do milho será feito dentro da janela determinada para o cultivo", afirma Tang.
Assim como o milho, os preços do café foram bastante influenciados pela demora na chegada das chuvas e pelas perspectivas de perdas de floradas. Ao longo do mês, os preços do café atingiram um pico, iniciaram um movimento de realização de lucro no meio do mês, para voltar a reagir nos últimos dias. Com isso, as cotações do café acumularam uma valorização de 8,25% no mês passado sobre agosto.

"O mercado ficou bastante sensível ao clima, mas com a melhora das condições houve uma realização de lucros na segunda metade do mês", afirma Maurício Penteado, analista da Icap. O analista lembrou, no entanto, que a desvalorização do dólar no mercado internacional, estimulou uma procura maior por commodities, inclusive pelo café da BM&F. "Apesar das chuvas e alguns fundamentos, acredito que o mercado continuará exposto às especulações, que agora estarão ligadas mais a aspectos macroeconômicos", afirma Penteado.

Nos demais mercados da bolsa brasileira, o mês de setembro foi de ganhos, seguindo a tendência das demais commodities. Os preços médios do boi gordo ficaram em R$ 92,73 por arroba, valorização de 4% sobre agosto. No acumulado de 2010, as cotações do boi gordo registram ganhos de 25,5% e de 15,17% nos últimos doze meses até setembro.

A soja, que seguiu a mesma trajetória de preços da bolsa de Chicago, fechou setembro com um preço médio de US$ 24,82 por saca, alta de 3,7% sobre o mês anterior. Em 2010 o grão acumula valorização de 6,8%, e de 15,16% em doze meses.

Fonte: Valor Econômico

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