Média de preço do café arábica recua 4% em junho
Em junho, as cotações do café arábica recuaram novamente no mercado interno, sendo o nono mês de quedas consecutivas. Este cenário fez com que o ritmo de negociação seguisse lento. Produtores que já estavam retraídos optaram por continuar retendo o grão. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 285,71/sc de 60 kg em junho, 4% menor que a média de maio. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), o fechamento do vencimento setembro no último dia útil de junho (28) foi de 120,50 centavos de dólar por libra-peso, queda de 7,8% em relação ao dia 3 do mesmo mês (primeiro dia útil). Já o dólar teve média de R$ 2,1744/US$ no mês, com valorização de 6,6% frente a maio.
Com tempo mais seco, colheita do arábica deve ser retomada em julho
A colheita de café arábica foi interrompida em vários dias de junho, devido ao tempo chuvoso na maioria das regiões produtoras do grão. No final de maio, havia expectativa de grande avanço na colheita, tendo em vista que os grãos apresentavam maturação antecipada e uniforme em relação ao mesmo período de 2012. Porém, com o clima úmido, a colheita de arábica iniciou de forma mais lenta que o esperado. A partir de julho, caso o clima fique mais firme, as atividades de campo podem acontecer no mesmo ritmo de 2012.
As regiões mais atingidas pelas chuvas foram o Noroeste do Paraná e Garça (SP). Nestas praças, os grãos apresentavam tamanho e qualidade maiores frente a 2012/13, mas as chuvas podem resultar em qualidade depreciada – agentes estimam que quase metade da produção pode ter sido afetada, visto que houve expressiva queda de grão dos pés. Nestas regiões, apenas 15% do café havia sido efetivamente colhido até o final de junho, contra perto de 50% no mesmo período do ano anterior.
O volume de chuvas em Londrina, em junho, um dos principais municípios produtores de café do Noroeste do Paraná, foi de 257 mm, três vezes maior que a média climatológica, segundo a agência Tempo Agora. Em Marília (SP), a precipitação atingiu 131 mm no mesmo período, volume 2,5% superior à média climatológica.
Colaboradores do Cepea comentam que, principalmente nestas duas regiões, caso a qualidade sofra forte depreciação, produtores poderão optar por derrubar todos os grãos no chão e fazer uma só colheita, reduzindo custos, mas também a qualidade. Os diferenciais de preços estreitos entre diferentes qualidades de café não têm compensado os gastos com mão de obra para colher separadamente os grãos caídos e os que se mantiveram nos pés.
As regiões com menor incidência de chuvas foi a Zona da Mata mineira e o Espírito Santo, porém, mesmo estas foram afetadas pelo atraso na secagem dos grãos – onde ainda há secagem em terreiro – e pela consequente perda em qualidade. Quanto à quantidade de grãos colhidos, colaboradores afirmam que chega a 30% e, destes, boa parte é do tipo rio.
No Cerrado mineiro, os trabalhos estão dentro do prazo previsto – com 10% dos grãos colhidos –, tendo em vista que nesta região a maturação do café ocorre um pouco mais tarde em comparação com as demais.
Na Mogiana paulista e no Sul de Minas, as chuvas afetaram moderadamente os trabalhos, fazendo com que a colheita tenha atrasado cerca de 20 dias. Até o final de junho, entre 15% e 20% havia sido colhido, frente aos 30% do ano anterior.
A previsão da Somar Meteorologia aponta tempo mais seco para o mês de julho, condição favorável para o avanço das atividades de campo no cinturão produtor de café. Caso se confirme, a ausência de chuvas fará de julho o mês de maior quantidade colhida, visto que os grãos estão maduros, e acelerar a colheita pode contribuir para amenizar novas perdas nas lavouras.
Fonte: Cepea/Esalq USP via CNC