Máquina descasca o café sem o uso de água, reduz o impacto ambiental e diminui o custo operacional

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O Instituto Federal do Sul de Minas campus de Machado, numa parceria público-privada, desenvolveu um maquinário usado para descascar o café cereja (maduro) sem o uso de água. A inovação tecnológica foi patenteada e trará inúmeros benefícios ambientais e econômicos à cafeicultura nacional. O Brasil é o maior exportador e produtor mundial do grão. Estima-se que 70% desta produção seja proveniente de pequenas e médias propriedades. Porém, atualmente, somente as médias e grandes, em sua maioria, fazem uso de máquinas descascadoras de café cereja, que reduzem o volume para a secagem em 40 a 50%, e preservam uma melhor bebida, agregando valor.

O problema, até agora, são os investimentos necessários para o tratamento do volume de resíduos líquidos do processo do descascamento, que é 10 vezes mais poluente que o esgoto urbano. Isso inviabilizava o uso das máquinas pelos pequenos produtores, além de gerar um gasto de 3 a 5 litros de água por litro do grão processado. Com a máquina, em fase de testes no instituto federal, e que utiliza a gravidade, o impacto ambiental será reduzido drasticamente. Já o custo menor propiciará o uso pelos pequenos produtores e sua substituição nas médias e grandes propriedades rurais. A casca restante pode ser compactada e transformada em adubo.

O mercado potencial é vasto e enquadra-se num universo de cerca de 250 mil cafeicultores brasileiros, além de mais de 500 mil na Colômbia e outros 500 mil no México, bem como em outros países.

O descascador foi desenvolvido numa parceria do Instituto Federal do Sul de Minas com a Pinhal Máquinas, empresa do interior de São Paulo. Os testes que vem sendo realizados no câmpus Machado avaliam a separação do café verde e o descasque do cereja. A composição química e a qualidade da bebida também fazem parte das ações. Os estudos estão sendo feitos pelo setor de pós-colheita e qualidade do câmpus, que é referência nacional em café.

Segundo o coordenador da pesquisa, professor Dr. Carlos Henrique Rodrigues Reinato, a inovação tecnológica, que é a primeira patente gerada no câmpus Machado, trará inúmeros benefícios à sociedade. “Primeiro com a redução do gasto com a água, cada vez mais rara, e com o fim da poluição gerada. Segundo, por abrir novas possibilidades a agricultura familiar, com a diminuição dos custos e preservação da bebida, com sua valorização no mercado”. O projeto conta com o trabalho de alunos bolsistas do instituto, por meio de edital interno e do CNPQ. A patente foi requerida pelo NIT/IFSULDEMINAS (Núcleo de Inovação Tecnológica) com a garantia do uso exclusivo da tecnologia por seus inventores. Fundado em 2010, o NIT trabalha constantemente capacitando e treinando seus servidores para o acompanhamento contínuo dos docentes e técnicos envolvidos em inovação. “Nosso objetivo é o fomento permanente à inovação tecnológica do IFSULDEMINAS, com o desenvolvimento de processos e produtos voltados ao mercado”, destacou o coordenador geral do Núcleo no instituto federal, professor Wellington Marota.

Esta é a primeira parceria da Pinhal Máquinas com o IFSULDEMINAS. Para o sócio-proprietário da empresa, José Claudemir, “o maior desafio foi, no início, não acreditarem que o processo aconteceria sem água. Eu só tinha conhecimento de algumas máquinas que consumiam menos líquido, mas não como a nossa, que não usa nada. Com o incentivo de pessoas que acreditaram e insistiram, a gente trabalhou muito e deu certo”, disse. Há dois modelos do produto, o de 3 mil litros e a de 6 mil litros por hora. O menor custará cerca de R$ 20 mil e o maior R$ 35 mil. Segundo o sócio da Pinhal Máquinas, Marlon Piagentini, “a empresa trabalha com financiamentos via Finame, e estão ingressando no Pronaf Mais Alimentos, programa do Governo Federal voltado ao pequeno produtor”.

O descascador encontra-se em seu quarto teste, segundo o acadêmico do 7º período de agronomia e bolsista do CNPQ, Juliano Donizete, há quatro meses no projeto. “Na etapa inicial, ainda não fechada estatisticamente, o equipamento mostrou-se mais eficiente que os tradicionais, que usam água, diminuindo o tempo de secagem além de ser mais econômico. Avaliamos os dois processos conjuntamente (com e sem água), verificando o tempo e a eficiência de descascamento, a quantidade de energia gasta no sistema, o produto final que é o café cereja descascado, o verde e o farelão”, explicou. Além de Juliano, os estudantes Oswaldo Lahmann Santos, Emerson Loiola Franco e Diogo José Reis Nascimento atuam como pesquisadores, sob orientação docente.

Uma equipe da EPTV Sul de Minas esteve no campus para produzir uma matéria sobre o novo equipamento e ouviu os estudantes e o professor orientador. Confira abaixo reportagem que foi exibida na emissora no dia 21/07/2015.

Saiba mais sobre a Pinhal Máquinas

A Pinhal Máquinas é uma empresa brasileira localizada na cidade de Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo. Iniciou suas atividades em setembro de 2002, fornecendo equipamentos para processamento de café e apoio técnico especializado. Ao longo dos anos, a companhia investiu na fabricação de máquinas para via úmida e seca de café. Atualmente produz diversos equipamentos para processamento de cafés naturais, cereja e descascado, além de atuar na montagem, manutenção e reformas. Veja mais em: pinhalmaquinas.com

Fonte: Ascom IFSULDEMINAS – campus Machado (texto e fotos) via Revista Cafeicultura, EPTV Sul de Minas e G1 Sul de Minas (vídeo)

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