Maior demanda faz Cooxupé receber mais café em 2016/17

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"Consumidor vai se acostumar com mais café arábica no blend", diz Costa
“Consumidor vai se acostumar com mais café arábica no blend”, diz Costa

A escassez de café conilon no mercado doméstico, que elevou a demanda por café arábica pelas torrefadoras do país, levou a Cooxupé – Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (MG) a aumentar a estimativa para o recebimento do grão na safra 2016/17. Até o fim de setembro, quando terminou a colheita na região da cooperativa, a previsão da Cooxupé era receber 6 milhões de sacas de café, mas o número deverá alcançar cerca de 6,3 milhões de sacas, afirmou ao Valor Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da cooperativa.

Com a quebra na safra de conilon do Brasil, aumentou a demanda de torrefadoras por café arábica no mercado doméstico para a produção dos blends de café torrado e moído.

“Já recebemos até agora 6,2 milhões de sacas e devemos receber mais 100 mil até o fim do ano”, afirmou Costa. O volume se refere a café entregue por cooperados e também por terceiros. Na safra 2015/16, a Cooxupé havia recebido 5,1 milhões de sacas de café. “O mercado está demandando mais, e a cooperativa está comprando café [para atender]”, acrescentou o dirigente.

O conilon é usado pelos torrefadores nos blends com arábica, mas a quebra da safra no país, principalmente por causa da seca no Espírito Santo, tornou a oferta escassa e elevou os preços, que bateram recordes. Normalmente, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), as torrefadoras utilizavam 50% de conilon e 50% de arábica, em média, nos blends de café torrado e moído. Mas com a quebra da produção, a indústria está usando menos de 20% de conilon nos blends.

De acordo com a Conab, a produção de café conilon no país deve ser de 8,35 milhões de sacas na safra 2016/17, 25,3% menos que o colhido no ciclo precedente.

Como resultado da maior demanda por arábica, a Cooxupé deve ampliar as vendas de café verde no mercado doméstico e reduzir as exportações do produto. A previsão inicial da cooperativa, maior exportadora de café do país, era embarcar 4,8 milhões de sacas de café verde. Mas agora esse volume deve cair para 4,5 milhões de sacas, segundo Costa. Já as vendas no mercado doméstico devem subir para 1,4 milhão de sacas.

Na avaliação do presidente da Cooxupé, o aumento da demanda por arábica para os blends é positivo. “O conilon estava tomando espaço do arábica no mercado interno. […] Agora o consumidor vai se acostumar com mais café arábica no blend”.

Embora vá receber mais café que na temporada 2015/16, o faturamento da Cooxupé deverá ser “um pouco menor” este ano, segundo Costa, em função da variação cambial. No ano passado, a cooperativa mineira registrou faturamento de R$ 4 bilhões.

A queda nos preços dos fertilizantes no mercado internacional devido ao recuo do petróleo também deve contribuir para pressionar a receita da Cooxupé, segundo Carlos Alberto Paulino da Costa. A cooperativa vendeu este ano 260 mil toneladas de fertilizantes a seus cooperados.

A Cooxupé também está estimando uma queda de 17% a 20% na produção de café na próxima safra, a 2017/18, em sua região de atuação. Na temporada 2016/17, a colheita na região somou 19 milhões de sacas de café. De acordo com o presidente da Cooxupé, a retração deve ocorrer devido ao ciclo de bienalidade negativa do café.

Ele informou que agrônomos da Cooxupé fizeram levantamento em meados de outubro que indicou o recuo. O cerrado mineiro e o sul de Minas, que registraram aumento da produção no ciclo 2016/17, devem ter queda na colheita na próxima temporada.

Fonte: Valor Econômico (Por Alda do Amaral Rocha)

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