Lançada a marca do Café da Região das Matas de Minas
Os cafeicultores da região das Matas de Minas que produzirem cafés com notas acima de 80 pontos na prova de xícaras poderão comercializar o grão utilizando a marca "Região das Matas de Minas", identidade geográfica lançada nesta quinta-feira, 12/09, em Manhuaçu, que tem como objetivo divulgar e diferenciar o café da região nos mercados nacional e internacional. A expectativa é estimular os mais de 35 mil cafeicultores da área a investir na ampliação da qualidade, o que é primordial para agregar valor ao grão.
LANÇAMENTO
A cerimônia de lançamento da marca Região das Matas de Minas foi realizada na AABB de Manhuaçu e foi prestigiada por autoridades de toda a região, entre elas, o Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento André Merlo, o subsecretário de estado do Agronegócio Toninho Gama, os prefeitos de Manhuaçu Nailton Heringer, de São João do Manhuaçu João Carolino e de Alto Caparaó José Gomes, o presidente da Câmara Maurício Júnior e lideranças do setor do agronegócio das entidades envolvidas no projeto.
A primeira parte foi a apresentação do desenvolvimento do projeto pelo Gerente Regional do Sebrae João Roberto Marques Lobo e a Gerente de Agronegócios do Sebrae-MG Priscila Lins. Em seguida, o Diretor da FAEMG e membro do Conselho Consultivo do Sebrae Minas João Roberto Puliti e o presidente da Comissão Técnica do Café da Faemg Breno Mesquita.
O consultor da Be Consulting, Paulo Vischi, apresentou a estratégia de comunicação. “A marca Cafés Matas de Minas irá trabalhar com o conceito que será o pilar de todo o projeto. A expressão ‘Naturalmente Artesanal’ será o ponto chave explorado pelo Café das Mata de Minas e representa algo que é comum de produtores de café da região, essa forma artesanal de produção de café, em que há um contato e integração entre ser humano e natureza”.
Na última etapa da apresentação, o Presidente do Conselho das Entidades do Café das Matas de Minas, Fernando Romeiro de Cerqueira, apresentou a atuação do conselho e convocou os produtores a participarem.
Participam do conselho as seguintes entidades: Aciam, Coocafé, Cooparaó, Coorpol, Scamg, Sindicatos Rurais de Lajinha, Manhumirim, Manhuaçu, Caratinga e Luisburgo, Sicoob Credicaf, Sicoob Credilivre, Sicoob Credcooper, Sicoob União, Sicoob Credsudeste, IWCA, Associação da Agricultura Familiar de São João do Manhuaçu e Associação dos Cafeicultores da Região de Caratinga e o apoio da UFV e da Emater-MG.
O PROJETO
O projeto é realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Minas) em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e o Conselho das Entidades do Café das Matas de Minas.
De acordo com a analista do Sebrae, regional Manhuaçu, Ereni Constantino, a iniciativa é muito importante para o desenvolvimento da cafeicultura da região, que possui custos elevados devido à impossibilidade de mecanizar a maior parte da área produtiva.
"Durante três anos realizamos na região vários estudos que mostraram que o café das Matas de Minas tem grande potencial, mas que o setor precisa ser organizado e o grão de qualidade melhor divulgado e identificado no mercado. Optamos por criar uma marca que identifique a região. O próximo passo será o investimento na obtenção da Identificação Geográfica (IG), processo que deve ser iniciado em abril de 2015".
PRODUÇÃO
Segundo as informações do Sebrae, a região da Zona da Mata mineira é responsável por produção média anual de 5 milhões de sacas, 24% do volume total gerado no Estado. A lavoura de café abrange 63 municípios e é desenvolvida por 35 mil cafeicultores, sendo que 80% são de pequeno porte. A princípio, 50 produtores de cada um dos 63 municípios da região serão acompanhados pelo projeto, número que será ampliado gradativamente.
Com as pesquisas realizadas pelos parceiros, que serviram de base para a criação de um quadro geral da situação e das potencialidades do café na região, as instituições envolvidas no processo promoveram série de cursos, treinamentos, oficinas e palestras com o objetivo de divulgar as informações da região e capacitar os produtores. Passo considerado fundamental para despertar o interesse para o projeto.
Para Ereni, a região tem grande potencial e vem evoluindo ao longo dos anos. Para se ter ideia, no primeiro ano de análise do café (2011) cerca de 10% do volume produzido receberam nota acima de 80 pontos na prova de xícaras, índice que na última análise, feita em 2013, subiu para 16%.
"Acreditamos que a organização do setor e a criação de uma marca regional são ações que valorizam o café da região, que até então estava "esquecido" no Estado e não tinha nenhuma marca para diferenciá-lo no mercado. Também servirá de base para incentivar os investimentos, por parte dos cafeicultores, na qualidade e abrir novos mercados. Essas iniciativas são fundamentais por estimular o desenvolvimento social e econômico da região, que tem 275 mil hectares ocupados pela cultura e gera, no período de colheita, 75 mil empregos diretos e 156 mil indiretos.
Ainda segundo Ereni, o grande desafio é levar as informações aos produtores e incentivar os mesmos a investirem nos processos que melhoram a qualidade do grão final.
"Estamos divulgando as informações do projeto junto a produtores e profissionais que são formadores de opinião na região, para que as mesmas sejam disseminadas. O cafeicultor precisa ter consciência que o mercado mudou, e, caso ele não invista na qualidade, continuará a comercializar um café com preços sem valor agregado, ficando reféns das variações de mercado", explicou Ereni.
Para saber mais: www.matasdeminas.org.br
Fonte: Diário do Comércio (Michele Valverde) via Portal Caparaó (Carlos Henrique Cruz)