Ipanema vislumbra dobrar produção de café em 10 anos

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Quase um ano após a entrada de um novo sócio – a Santa Colomba Investimentos Agrícolas – em seu capital, a Ipanema Coffees traça planos ambiciosos de crescimento para o médio prazo. Em entrevista exclusiva ao Valor, o CEO da empresa, Washington Rodrigues, afirma que há “espaço para dobrar em cinco a 10 anos a produção própria” de café da Ipanema. Segundo ele, “a estratégia de expansão com o novo sócio é um pouco mais agressiva” do que antes. “Há uma visão consistente de que existe espaço de penetração maior do que capacidade de entregar” produto, acrescenta Rodrigues, que também é sócio minoritário da empresa de cafés especiais, com fazendas no sul de Minas Gerais.

Esse crescimento pode vir, segundo ele, por meio da aquisição de novas áreas para produção, incorporação de fazendas que já cultivam café, parcerias ou joint ventures. Inicialmente, porém, será preciso definir para “onde ir”. Rodrigues estima que o investimento para dobrar a Ipanema de tamanho seria de cerca de R$ 300 milhões. A Santa Colomba Investimentos Agrícolas, que foi fundada pelo engenheiro naval Fernando Prado e tem entre seus acionistas um ex-executivo do Banco Garantia, tornou-se o maior acionista da Ipanema Coffees, com 24% do capital, em fevereiro de 2016.

Até então, a ML Participações, da família Fernandes – um dos grupos fundadores da Ipanema juntamente com o Bozano, Simonsen – tinha 33,5% das ações da empresa de cafés, a norueguesa Friele, tinha 13%, e a Paraguaçu Participações, 15%. A alemã Tchibo e a japonesa Mitsubishi, que entraram na sociedade em 2012, tinham 16,5% e 20%, respectivamente. A menor fatia era de Washington Rodrigues, com 2%. Mas o grupo fundador zerou sua participação e a Santa Colomba ficou com a maior parte das ações da Ipanema.

A fatia da Paraguaçu Participações foi a 23% e a de Rodrigues a 3,5%. As participações de Friele, Tchibo e Mitsubishi foram mantidas. Os primeiros investimentos previstos na Ipanema após a mudança na estrutura acionária serão R$ 60 milhões na fazenda Capoeirinha, em Alfenas, em renovação de cafezais e sistemas de irrigação. Outros R$ 30 milhões devem ser desembolsados ainda este ano em estruturas de beneficiamento de café na fazenda Rio Verde, em Conceição do Rio Verde, segundo Washington Rodrigues. Além das duas fazendas, a Ipanema tem outra propriedade, a Conquista, também em Alfenas.

No total, as três têm 14 milhões de pés de café numa área somada de 3.500 hectares. Na safra passada, a 2016/17, a Ipanema colheu 88 mil sacas de café, comprou 25 mil de produtores parceiros e destinou 70 mil sacas para exportação a clientes da Ásia, Europa e EUA, principalmente. A previsão para a safra 2017/18, que começa a ser colhida em abril, é de uma produção de 135 mil sacas nas três fazendas, segundo Rodrigues. Outras 25 mil sacas devem ser entregues pelos produtores parceiros.

O executivo estima que 70% do volume somado deve ser exportado. A Ipanema também passou a exportar, desde o ano passado, parte do café produzido na Santa Colomba Café – empresa controlada pela Santa Colomba Investimentos Agrícolas – em Cocos, no cerrado baiano. Isso porque ao mesmo tempo em que a holding entrou em seu capital, a Ipanema fez parceria com a Santa Colomba Café, num acordo que prevê estruturação comercial, transferência de expertise de produção e de modelo de colheita e de beneficiamento.

Como resultado, a Ipanema esta ampliando a oferta de café e diversificando as origens do produto que exporta. Na safra 2016/17, a Santa Colomba Café produziu 30 mil sacas em 1.200 hectares em Cocos – a previsão inicial era de 40 mil sacas, mas a seca na região afetou a produção, segundo Rodrigues. A Ipanema exportou 10% desse volume ao mercado japonês. A expectativa para esta safra é de que a Santa Colomba colha de 40 mil a 45 mil sacas de café e que a Ipanema exporte 30% a 40% do volume.

O executivo afirma que desde setembro passado a Ipanema assumiu a gestão técnica e de qualidade da Santa Colomba Café. Para este ano, estão prevista melhorias no processo de colheita e, para 2018, melhorias no beneficiamento do café produzido em Cocos, afirma Rodrigues. “Há potencial para alcançar 50 mil sacas na safra 2018/19”, observa, referindo-se à área de café da Santa Colomba. Embora a produção de café da Ipanema vá crescer na temporada 2017/18, a expectativa é de que a receita líquida da empresa este ano fique estável em relação a 2016, quando somou R$ 160 milhões. O motivo são os preços mais baixos do café, de acordo com o CEO da companhia.

Fonte: Valor Online (Por Alda do Amaral Rocha)

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