Inverno seco contribui para redução das floradas desuniformes do café

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O mês de junho foi mais úmido do que o normal no Sul do Brasil, beneficiando o trigo de inverno e o milho safrinha no Paraná, porém tal fato dificultou todo o trabalho de campo que é realizado nesse período, bem como a colheita da cana 

Choveu em parte do Mato Grosso do Sul, São Paulo e no norte do Rio Grande do Sul, sendo que as chuvas mais fortes ocorreram no Paraná. Chuvas fora de época que ocorreram no Centro-Oeste e em partes do Nordeste favoreceram a etapa final do algodão.

Em Minas o início do mês foi um pouco chuvoso, atrapalhando a colheita do café e prejudicando a qualidade da bebida. Porém, o período seco que se seguiu beneficiou a maturação do café na planta e a secagem do café em terreiros. Com relação a doenças, a cercosporiose que vem sendo favorecida pelo clima tem causado grande desfolha nas lavouras de Minas e o excesso de umidade deste mês poderá favorecer novos picos de ferrugem. O recolhimento dos cafés do chão neste ano deve ser bem feito porque as chuvas ocorridas durante a colheita derrubaram muito o café, o que pode vir a favorecer o desenvolvimento da broca para o próximo ano.

Na última semana têm ocorrido chuvas típicas da estação no Rio Grande do Sul, Oeste de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná, sendo que nas demais regiões dos estados do Sul do Brasil o tempo manteve-se seco, o que também prevaleceu para demais regiões do país, favorecendo a colheita da laranja e do café. No Oeste da Bahia e no Mato Grosso, a ocorrência de temperaturas elevadas durante alguns dias aceleraram a maturação do algodão e do milho safrinha. No Nordeste, as chuvas comuns desta estação estão aumentando a recarga do solo para as culturas do cacau e da cana na região.

Para agosto é esperado que as chuvas ocorram dentro da média normal do período ou pouco acima desta para toda a região Nordeste, para o estado do Pará com exceção da porção do extremo norte do baixo Amazonas, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Acre com exceção da porção sul do Vale do Juruá, para Goiás e Tocantins, para as regiões Norte e Noroeste de Minas, Jequitinhonha e Vale do Rio Doce e Mucuri, para o noroeste e litoral norte do Espírito Santo.

Nessas regiões as chuvas de agosto poderão estimular floradas precoces. Caso as chuvas tenham continuidade serão favorecidas diferentes floradas, que irá proporcionar maturações desuniformes dos frutos. Por outro lado, caso as chuvas não apresentem continuidade as floradas precoces deverão ser abortadas contribuindo para redução da produtividade da próxima safra. Nas demais regiões do Brasil as chuvas devem vir a ocorrer dentro do esperado para o período.

A probabilidade apresentada para o próximo mês está diretamente relacionada com a ausência da ocorrência dos fenômenos El Niño e La Niña, sendo que atualmente prevalecem as condições de neutralidade que devem perdurar até pelo menos o outono de 2014. Na figura anexada, elaborada pelo Centro Climatológico de Tókio (Japão), é possível observar na última semana, em azul, a variação da temperatura da superfície do oceano abaixo da média próximo à costa leste do Pacífico na altura do Peru e do Equador, na América do Sul.

A análise e o prognóstico climático aqui apresentado foram elaborados com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente naqueles atuantes na América do Sul, e são de caráter experimental. Foram consideradas ainda as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA, Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade – IRI, Met Office Hadley Centre, Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo – ECMWF, pelo Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divisão de Meteorologia (DIVMET) do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e dados climáticos do INMET/INPE. A informação é disponibilizada ao público em geral, porém, nenhuma garantia implícita ou explícita é dada pela EPAMIG, a qual não se responsabiliza pelo uso indevido, por parte de terceiros, das informações aqui disponibilizadas.

Williams Ferreira – Pesquisador da Embrapa/EPAMIG na área de Agrometeorologia e Climatologia, atua principalmente em pesquisas voltadas para o tema Mudanças Climáticas Globais. [email protected] (ou) [email protected]
Marcelo de F. Ribeiro – Pesquisador da EPAMIG na área de Fitotecnia, atua em pesquisas com a cultura do café. [email protected].

Epamig Via Portal do Agronegócio
Fonte: Peabirus Por Daniela Novaes

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