Intervalo estreito de negociação

Imprimir
Por Rodrigo Costa*

O primeiro mês de 2019 carregou do ano anterior as incertezas sobre a possibilidade de um acordo na guerra-comercial entre os Estados Unidos e a China, juntamente com a dúvida sobre a forma que o Reino Unido deixará a União Européia e finalmente a paralisação-parcial do governo americano – provocada por Trump para forçar a aprovação no orçamento a construção de seu tão sonhado muro.

Nenhum dos três temas impediram as bolsas de ações recuperarem acentuadamente as perdas do fim de dezembro. Na última sexta-feira o Senado e o Presidente dos Estados Unidos concordaram em reabrir o governo enquanto discutem suas diferenças, o que deve trazer um pouco mais de apetite dos investidores.

No Brasil o otimismo do IBOVESPA com a posse de Jair Bolsonaro levou o índice à consecutivas máximas históricas, enquanto o Real oscila ao sabor do Índice do Dólar do que em apostas isoladas no país-emergente.

Dentro desta oscilação macroeconômica as commodities apreciaram como outros ativos de risco, tendo como destaque as matérias-primas energéticas – o petróleo subiu 16% desde 31 de dezembro último.

O café tem feito tentativas frustradas de se aproximar a US$ 110 centavos por libra em Nova Iorque e de US$ 1,600 por tonelada em Londres, para então acabar sendo levado rapidamente para próximo de US$ 100.00 cts e US$ 1500, respectivamente.

Estimativas de produção da safra-brasileira de 2019/2020 foram divulgadas desde nosso último comentário, como a da CONAB entre 50.48 e 54.49 milhões de sacas, do Rabobank em 55.7 milhões de sacas, e da Comexim, 58.20 milhões de sacas. Os números para o arábica variam entre 36.16 e 38.4 milhões, relativamente pouco comparando com os do conilon que vão de 14.36 milhões de sacas a 19.8 milhões de sacas.

Em linhas gerais o mercado já absorveu que haverá uma bi-anualidade com produção menor, entretanto tem pesado muito sobre os preços, e sobre os já cansados-altistas, o superávit estimado pelo USDA de 10.9 milhões de sacas para o atual ciclo, 2018/2019.

Vendas de origens no terminal tem sido notadas pelos operadores nas tímidas subidas da bolsa, sinal que demonstra uma necessidade de venda represada pelos países da América Central, Colômbia e também do Vietnã. Somando-se a isto tem a percepção dos agentes de haver um estoque elevado no Brasil, deixando, portanto, apenas a esperança de rallies encorajados por cobertura de posições vendidas dos fundos.

A paralisação parcial de parte da estrutura do governo nos Estados Unidos tirou a informação de como os especuladores e as casas-comerciais estão se posicionando, um termômetro que durante 10 meses de 2018 serviu apenas para iludir quem comprava Nova Iorque esperando pelos fundos recomprarem suas vendas – então não dá para reclamar muito da falta do dado que deverá ser divulgado na próxima semana.

Potencial explosivo tem a questão climática, como sempre, e o volume de chuvas abaixo da média em janeiro assim como as temperaturas elevadas no “cinturão” produtor no Brasil tem sido reportadas como as principais razões da subida do terminal na última semana – segundo as agências de notícias.

Muitos de nossos colaboradores tem dito que por ora o quadro pode ser reversível, principalmente devido às reservas hídricas do solo constituídas pelas excelentes precipitações do terceiro-trimestre de 2018.

Prognósticos do retorno das chuvas para fevereiro serão seguidos com muita atenção, o que ocorrendo deve quebrar o padrão mais seco e dar mais tranquilidade para os produtores os quais estão vendo as plantas sentir o calor-seco. Uma não-confirmação de chuva gradativamente deixará o mercado mais volátil, e como percebemos via a subida da volatilidade das opções, tem gente comprando proteção – just in case…

Por outro lado, se de fato os ganhos do terminal forem relacionados ao clima no Brasil é de se esperar um retorno dos preços com a normalização do cenário, aparentemente tendo o potencial em levar as cotações para próximo de US$ 100.00 centavos novamente, mas provavelmente respeitando as mínimas anteriores e mantendo o intervalo de negociação estreito.

Uma ótima semana e bons negócios a todos.

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting – Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *