INIMIGOS CAMUFLADOS DA PRODUTIVIDADE

O preço da saca do café já ultrapassa R$ 300. O valor tem agradado muitos produtores rurais que há muito tempo vendiam o grão a preço mais baixo. Mesmo alcançando este patamar, a valia associada ao produto ainda está muito abaixo do considerado rentável ao cafeicultor. Preços em alta nas bolsas ainda não compensaram as inúmeras perdas dos últimos doze anos.

Além da valorização lenta do café, em que houve um pequeno aumento acelerado e atualmente o seu preço se mantém, o produtor também lida com os efeitos climáticos. A falta de chuva enfraquece as lavouras, o que influencia e prejudica diretamente a produtividade. Esse veranico ainda poderá danificar as próximas floradas, uma vez que se não chove, não há renovação do cafeeiro.

Além de a previsão de chuva se apenas para o dia 15 de setembro, o agronegócio no Brasil, como diz nossa amiga, a senadora e presidente da CNA Kátia Abreu, é tratado pelos secretários e radicais como inimigo público número um. Ora, estamos falando simplesmente do responsável pelos sucessivos êxitos do país.

O estado deveria coibir práticas criminosas como a invasão de terras produtivas. Mas são protegidas pelo Programa Nacional de Direitos Humanos. A reforma agrária pode ser interpretada hoje como objeto de manipulação partidária. Mantê-la como fator de tensão política é mais útil e rentável. Isso torna a democracia um rito de passagem, como já citou Kátia Abreu, e não uma meta.

O meio ambiente não deve ser colocado contra a produção. Não pode haver contradição entre defesa do bem estar da população e equilíbrio ambiental. O meio ambiente existe para prover o ser humano. Aldo Rebelo prevê que as áreas utilizadas hoje serão consolidadas da atividade agrícola.

Não se trata de ignorar os cuidados ambientais. Quem conhece a realidade de cada região é quem nela habita. Durante cinco anos não haverá nenhuma autorização para desmatamento, tanto para a agricultura, quanto para a pecuária.

Quem não se adaptar à lei, terá que responder aos rigores da legislação atual. Os produtores rurais não querem fugir da sua responsabilidade. A intenção é modificar uma realidade que mantém 90% das propriedades rurais na ilegalidade.

O relator Aldo Rebelo tem bom senso e apenas está propondo algo que contribua com o país. Nenhuma outra nação tem regras quanto a áreas de preservação permanente ou reservas legais. Temos sim que preservar os recursos ambientais, uma riqueza do Brasil que nos proporciona qualidade de vida. Mas devemos repensar o Código Florestal, assim como inúmeras outras leis, para gerar subsídio de trabalho ao produtor rural.

* Arnaldo Bottrel Reis é presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha, e vice-presidente da Associação Nacional de Sindicatos Rurais das Regiões Produtoras de Café e Leite – Sincal.

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