Indústria defende maior rigor no registro de defensivos genéricos
Para Eduardo Daher, diretor da Andef, em lugar da proposta de liberação indiscriminada de genéricos, o país precisa estimular as novas descobertas no setor Há um grande equívoco na defesa da simplificação do sistema de registro de defensivos agrícolas, no Brasil. Esta proposta, que vem sendo explorada já faz alguns anos, sob o argumento de reduzir custos de produção, voltou a circular nos últimos dias. Ela veio à tona após a declaração do candidato à Presidência da República, José Serra (PSDB). Segundo ele, caso eleito implantará o "defensivo genérico" no país. "É preocupante o risco de a simplificação do atual rigor científico remar contra a maré das exigências cada vez maiores de qualidade e segurança dos alimentos requeridas pelo mercado internacional", afirma Eduardo Daher, diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal, Andef.
Atualmente, estão em comercialização no país 374 marcas comerciais de produtos genéricos e 299 especialidades. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola, SINDAG, no ano de 2008, os genéricos representavam 56% dos produtos registrados no mercado. Em termos de vendas de produtos comerciais, foram 537 mil toneladas de genéricos (79,7%), e 136,7 mil toneladas de especialidades.
Portanto, segundo Eduardo Daher, o que deveria preocupar os dirigentes governamentais, sim, é a lentidão do número de registro de produtos fitossanitários modernos, à disposição dos agricultores brasileiros, frente pragas persistentes e às novas que invadiram o país – pelo menos, dez novas pragas já detectadas pelos pesquisadores. "É necessário ter agilidade para não perder a competitividade no mundo globalizado da produção de alimentos, fibras e energias renováveis", afirma o diretor da Andef. "Foram as tecnologias que possibilitaram o aumento do rendimento das culturas, nos últimos 15 anos, em cerca de 100%".
Investimentos em pesquisa
O diretor da Andef também esclarece o equívoco daqueles que vêem o setor de defensivos agrícolas "dominado por um oligopólio mundial". Segundo Eduardo Daher, basta observar o que acontece no resto do mundo para concluir que a afirmação não faz o menor sentido. "Na Argentina, 9 empresas respondem por 86% do mercado; no âmbito do NAFTA, 11 empresas respondem por 98%; na América Latina, 10 empresas respondem por 97,5%; e no Brasil, 10 empresas respondem por 87%".
A pesquisa e o desenvolvimento de novos ingredientes ativos exigem altíssimos aportes de recursos, por vários anos. Para que uma única nova molécula se torne o produto – herbicida, fungicida, inseticida ou acaricida – as indústrias associadas da Andef pesquisam e desenvolvem, durante até 10 anos, entre 100 mil e 200 mil moléculas. Esse rigoroso trabalho científico consome entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões. Somente os estudos toxicológicos e ambientais respondem por cerca de 60% destes valores.
Apesar dos altos investimentos exigidos, o setor no Brasil é um dos mais acirrados do mundo, pois soma cerca de 70 empresas dedicadas à pesquisa, produção e comercialização. Estas empresas são representadas por três entidades em âmbito nacional. O Sindag, Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola, reúne 44 associadas; entre essas, as 15 empresas filiadas à Andef, que pesquisam e desenvolvem novos ingredientes ativos; a Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades – Abifina, conta com 41 associadas, entre as quais boa parte é fabricante de agroquímicos.
Melhores práticas agrícolas
Convém mencionar, ainda – afirma o dirigente da Andef – que são apenas as empresas de Pesquisa e Desenvolvimento que promovem e investem em treinamento de agricultores, desde o uso e manejo adequado dos defensivos agrícolas até o gerenciamento de embalagens, sendo este um exemplo mundial.
Eduardo Daher se refere ao impressionante trabalho desenvolvido pelo InpEV, Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, ao qual são filiadas as associadas efetivas da Andef. De 2002, ano em que foi criado, até 2009, o InpEV já atingira a marca de mais de 136 mil toneladas de embalagens processadas – um recorde mundial.
Fonte: Andef