ÍNDICE DO DÓLAR SOBE E PRESSIONA COMMODITIES

A presidente do FED, Janet Yellen, foi mais assertiva quanto ao incremento dos juros americanos na próxima reunião do FOMC em dezembro. Seu discurso no congresso fez o dólar firmar e na sequência os dados de criação de postos de trabalho em outubro corroboraram para levar o índice do dólar ao mais alto patamar desde abril.

As principais bolsas de ações reagiram positivamente na semana. Nos Estados Unidos pela atividade econômica e o mercado de trabalho estarem mostrando sinais robustos, na Europa em função do enfraquecimento do Euro (e também de alguns indicadores estarem demonstrando que o pior pode já ter passado), na Ásia reagindo a novos planos de estímulo na China, e no Brasil respondendo a aquisição de uma empresa de multi-marcas, sugerindo que alguns ativos ficaram baratos no país depois da queda do Real.

Por outro lado as commodities sofreram com o fortalecimento da moeda ianque, tendo o BCOM feito nova mínima no ano, o GSCI visitado os patamares de agosto e o CRB ficando próximo da baixa de outubro. Entre os componentes do último apenas o suco de laranja, o alumínio e o gás natural ficaram em território positivo, e entre os perdedores as quedas maiores foram do suíno magro, metais preciosos e do petróleo.

O café em Nova Iorque testou a resistência de US$ 122.30 centavos, mencionada aqui na semana anterior, mas não teve força para romper sendo empurrado para baixo na sexta-feira com o movimento do câmbio. Londres que se mostrava mais forte sentiu ainda mais o golpe, escorregando 65 dólares por tonelada e desenhando uma figura técnica negativa para o curto-prazo.

O apetite de compra dos comerciais, comprovado no relatório do COT, tem sido importante para, por ora, evitar uma nova mínima do terminal. Após o mercado ter descontado as chuvas que caíram no Brasil, os fundos voltaram a colocar novas vendas em seus livros, alimentando o interesse de compra de quem, sabiamente, aproveita o momento para precificar suas compras futuras.

Fora isto as moedas dos países produtores que flutuam livremente já estão bem longe dos níveis mais baixos vistos recentemente, tendo o fluxo de físico ficado mais reduzido entre os produtores que tem café, e ainda limitado entre os que estão colhendo.

No robusta a alta do terminal encontrou um volume alto de venda do Vietnã, que aproveitou para desovar/fixar o café que carrega da safra anterior, pressionando inclusive os diferenciais do curto-prazo – um pontual alívio para quem precisa cobrir suas obrigações e ao mesmo tempo deixando mais leve a bolsa londrina em uma eventual nova subida.

Os estoques europeus no mês de agosto, último dado disponível, totalizaram 12 milhões de sacas, quase 100 mil sacas a mais do que o mês anterior, ou 125 mil sacas maiores do que havia nos armazéns um ano atrás. Os certificados do contrato “C” mantém a queda, menos acelerada neste momento mas que deve ganhar velocidade principalmente na primeira metade de 2016.

As exportações brasileiras de outubro devem bater um novo recorde mensal, música para os ouvidos dos baixistas, e com os preços do conilon mais altos do que o consumo interno, a CONAB resolveu retomar seus leilões dos estoques do governo as torrefadoras.

Notem que a situação que venho escrevendo neste espaço de um aperto de cafés de qualidade brasileiros de agora em diante trás um componente extra que é o encarecimento de cafés baixos, o que com um câmbio relativamente mais “fraco” se traduz em diferenciais ainda mais apertados. Em algum momento isto será transferido para Nova Iorque, e talvez o momento seja quando os embarques diminuírem – caso isto não aconteça tem/tinha mais café disponível no Brasil do que o mundo percebe/ia.

A proximidade do fim do ano deve limitar as ofertas no mercado físico e em breve alguns operadores vão começar a se posicionar para a compra dos fundos de índice no começo de 2016.

Claro que os fundos ainda podem pressionar um pouco mais a mola, mas o desequilíbrio entre montar uma posição vendida e uma posição comprada me parece desfavorável para quem está apostando na baixa. Isto porque pelo que parece ainda há ajustes a serem feito no potencial de produção de 16/17, com maiores chances de ser revisado para baixo em função de clima, rendimento, pragas, etc.

Continuemos a monitorar os objetivos técnicos entre US$ 117.10 cts e US$ 122.35 cts como pontos que devem definir o próximo movimento de curto-prazo.

Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,

* Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting

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