Incêndios põem em risco pesquisas do IAC para melhoramento genético

Imprimir

Não bastasse o longo período de seca este ano que prejudicou as lavouras de café em algumas das principais regiões produtoras do país, como em Minas Gerais, incêndios nos cafezais da fazenda Santa Elisa, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), têm causado prejuízos às pesquisas para melhoramento genético do café.

Não se sabe ainda a origem dos incêndios, se foram criminosos ou potencializados pela seca. De acordo com Gerson Silva Giomo, pesquisador e diretor do Centro de Café do IAC, ocorreram ao longo deste ano seis incêndios, sendo o mais recente este mês. A fazenda Santa Elisa, em Campinas (SP), tem uma área total de 60 hectares de cafezais – incluindo o banco de germoplasma e experimentos de melhoramento genético e de manejo do café.

A área afetada pelos incêndios é estimada em 10 hectares, o que representa aproximadamente 30 mil pés de café destinados à pesquisa. A maior parte dos cafeeiros foi queimada quase que totalmente, exigindo uma poda drástica, chamada de recepa.

Giomo explica que algumas plantas não resistem à recepa e outras demoram cerca de três anos para se recuperar. Os incêndios na fazenda do IAC significam um perda difícil de dimensionar já que se trata de um valioso material. Alguns cafeeiros queimados faziam parte do banco de germoplasma (conjunto de plantas nativas de diferentes países), que garante à pesquisa variabilidade genética necessária para se obter as características desejáveis para o café.

O banco de germoplasma do IAC é considerado o maior e mais antigo do país – tem mais de 80 anos. Suas plantas servem de matéria-prima para o melhoramento genético do café. "O risco é perder a população que serviria para o melhoramento genético", diz Giomo. O IAC tenta recuperar as plantas Queimadas. Mesmo assim, alguns experimentos devem atrasar de três a quatro anos.

O IAC é responsável por cerca de 90% das cultivares de café plantadas no país. As mais usadas são Catuaí e Mundo Novo. Desde a década de 1930, o instituto começou seu pioneiro programa de melhoramento genético de café e desenvolveu dezenas de variedades, principalmente com foco em maior produtividade e resistência a pragas e doenças. Já foram registradas, até agora, 65 variedades no Ministério da Agricultura, mas muitas outras foram desenvolvidas e não registradas quando não havia obrigatoriedade, diz Giomo.

Fonte: Valor Econômico (Carine Ferreira)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *