IICA e MAPA lançam programa ‘Solos Vivos das Américas – Brasil’ com a participação do CNC

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O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) lançaram nesta terça-feira, 23/11, a aliança Solos Vivos das Américas – Brasil. O programa visa restaurar a saúde dos solos brasileiros ao promover as melhores práticas de manejo da terra, incentivar a transformação dos sistemas agrícolas em ecossistemas que acumulem mais carbono nos solos, abrir caminho para a implementação de métodos eficientes de gestão e para o desenvolvimento de políticas públicas sustentáveis para o setor agropecuário.

O evento contou com a participação de Rattan Lal, maior autoridade mundial em ciências do solo, Prêmio Mundial da Alimentação 2021 e professor da Universidade Estadual de Ohio. O Conselho Nacional do Café (CNC) foi convidado pelo IICA a fazer parte do encontro e do projeto, que contou também com a participação da Ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Outras instituições também marcaram presença no evento virtual: The Ohio State University, C-Masc, Syngenta, Bayer, Cooxupé, Pepsico e OCB.

O programa Solos Vivos das Américas é uma ambiciosa iniciativa internacional e o Brasil, agora, é parte desse processo. O Diretor Geral do IICA, Manoel Otero, explicou porque o país foi escolhido para receber o programa. “Há necessidade de promover a conservação dos solos em nossa região onde, aproximadamente, 40% dos solos tem algum tipo de degradação, o que impacta a produção de alimentos, o crescimento econômico, a segurança alimentar, o bem estar rural e a resiliência na mitigação das mudanças climáticas. Da mesma forma, a recuperação e conservação dos solos é essencial para manter os limites climáticos consideráveis seguros, o que reflete agendas e acordos multilaterais sobre este assunto”, explicou.

A Ministra Tereza Cristina destacou o papel fundamental que o Brasil ocupa no assunto sustentabilidade. Citou o sucesso absoluto do Plano ABC e a chegada do ABC+ com índices audaciosos. “O potencial transformador da agropecuária de baixa emissão de carbono é enorme e, sem dúvidas, o Solos Vivos contribuirá para a expansão da adoção dessa tecnologia. Juntos, o Plano ABC+ e o Solos Vivos serão vitrines sobre como as tecnologias melhoram a renda e a qualidade de vida dos produtores rurais envolvidos, e ainda sequestram carbono no solo”.

Rattan Lal, considerado uma das maiores autoridades mundiais em ciências do solo disse que o programa tem alto potencial de impacto no meio ambiente. “Se nós pudermos implementar isso (Solos Vivos) junto com toda a região latino-americana, com o IICA, com outros parceiros, especialmente do setor privado, o potencial é um sequestro de 10 gigatons. Isso é um grande sucesso”.

Outra parte fundamental do projeto é a participação cooperativista. A Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé – Cooxupé, foi representada pelo gerente de desenvolvimento técnico, Mário Ferraz de Araújo, que é também coordenador do Comitê de Pesquisa e membro do comitê de Sustentabilidade do CNC.

“Para nós é muito importante fazermos parte desse programa Solos Vivos porque muita coisa se fala e pouca ciência é aplicada. Nós vivemos alguns modismos na agricultura mundial e, também, na brasileira, em que algumas verdades são ditas, mas não são confirmadas no campo. Para nós é de suma importância que a ciência esteja do nosso lado para que tomemos as ações necessárias e corretas para repassarmos aos nossos cafeicultores. A Cooxupé possui um corpo técnico com mais de setenta técnicos e o objetivo principal é levar conhecimento que traga resultado ao nosso cooperado. Enfatizo que nós temos 80% de pequenos produtores e de economia familiar. O grande segredo desse programa é saber as particularidades de cada região brasileira. Não existe uma só cafeicultura brasileira, são várias” analisou.

Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), disse estar de pleno acordo com o que foi apresentado e destacou a importância do projeto para o sistema cooperativista nacional. Disse ainda que a OCB será parceira para transformar os projetos em realidade.

Para Manoel Otero, Diretor Geral do IICA, o Solos Vivos começará bem representado ao utilizar o café como ponto de partida. “Registro aqui também a minha felicidade de trabalhar a iniciativa Solos Vivos no Brasil, nesta primeira etapa com a parceria do setor cafeeiro brasileiro, que é reconhecido internacionalmente por sua inovação, sustentabilidade e capacidade de promoção do desenvolvimento rural em sua área de atuação, por meio do cooperativismo e do associativismo como propulsores socioeconômicos e técnicos”.

CNC, IICA e MAPA lançam projeto revolucionário

Silas Brasileiro, presidente do CNC, apresentou aos participantes a iniciativa do Conselho Nacional do Café, em parceria com o IICA e o MAPA, que é o projeto “Café Produtor de Água – Pagamento por Serviço Ambiental”. Uma iniciativa que será oficialmente lançada no dia 08 de dezembro em Guaxupé, Minas Gerais.

Silas explicou quais serão os principais pontos de ação do projeto. “É um convênio extraordinário onde tratamos da preservação da natureza. Ele tem uma abrangência nacional porque visa a recuperação de bacias e, com isso, a preservação da água no solo. Busca também a recuperação das matas ciliares para preservar as nascentes. Será um programa de alcance grandioso e de impacto mundial. Queremos agradecer ao IICA no Brasil, em nome do seu coordenador Gabriel Delgado, que tem facilitado os contatos para firmamos esse convênio de tamanho alcance e abrangência, quando o mundo todo busca e fala sobre sustentabilidade”.

Em seu discurso a Ministra Tereza Cristina também destacou a importância do cuidado com a água para uma produção sustentável. “Promover a recarga de água nos aquíferos é outra função fundamental dos solos, além de sequestrar carbono. Mas ela só acontece quando se utiliza boas práticas no manejo do solo. Aliar a conservação dos dois recursos, portanto, é fundamental”, ressaltou.

Silas Brasileiro destacou a pujança do agronegócio e da cafeicultura brasileira. “Temos uma área total de pastagens de 154 milhões de hectares e 83,4 milhões de hectares cultivados, com uma área agricultável de 351,29 milhões de hectares. Dessa área, o café ocupa 1,88 milhões hectares em produção. mas uma coisa temos que destacar: a sustentabilidade daquilo que produzimos. Enquanto outros países dizem que em 2030 produzirão cafés com o princípio da sustentabilidade, o Brasil já produz obedecendo todos esses princípios”. Os dados apresentados são de 2020 publicados por Conab, MAPBiomas, PAM – IBGE e Embrapa/Unicamp.

Fonte: Ascom CNC