Iêmen busca ganhar com produção de café

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O Iêmen, país mais pobre do mundo árabe, tem atraído a atenção nesses tempos em função de uma série de problemas, como a presença da Al-Qaeda, a ameaça de escassez de água e um movimento separatista no sul do país. Mas especialistas de todo o mundo se reuniram na semana passada na capital, Sanaa, para conversar sobre algo mais agradável: café.

Mais de 200 produtores, importadores, processadores e representantes do setor cafeeiro se encontraram para explorar o que Gerald Feierstein, embaixador dos EUA, chamou de "janela de oportunidade" para reanimar a sorte do mais famoso produto do Iêmen.
A conferência foi patrocinada pelo Fundo Social para Desenvolvimento do Iêmen, e aberta pelo premiê Ali Mujawar. O evento teve a participação de doadores internacionais e de representantes do setor, ansiosos por encontrar formas de amenizar o desemprego e a deterioração da economia do Iêmen.

Centenas de anos atrás, a região montanhosa do Iêmen foi o primeiro lugar onde o café foi cultivado, e os GRÃOS eram exportados através do porto de Mocha no Mar Vermelho. Nos últimos 60 anos, porém, as exportações caíram de aproximadamente 40 mil toneladas ao ano para apenas 7 mil toneladas, à medida que as áreas cultivadas foram sendo ocupadas por outras lavouras como o "khat", um estimulante mastigado por 70% da população masculina.

Atualmente, porém, a demanda global pelo tipo de café fortemente aromático que o Iêmen produz aumenta com o crescimento da cultura internacional do expresso e dos mercados de cafés especiais.

O Iêmen produz café arábica, uma variedade de maior qualidade. Como investimento, o desempenho tem sido bom na bolsa.

A falta de equipamento de secagem adequado significa que as amostras de café do Iêmen muitas vezes podem conter pedras. Os produtores iemenitas, a exemplo dos seus pares na Etiópia e Brasil, processam as cerejas do café, deixando-os secar no sol, quando naturalmente os GRÃOS se separam da polpa. A alternativa é um processo de lavagem mais intensiva em tecnologia.

O método natural produz um café com sabor mais doce e forte, usado para as misturas do expresso, mas é também menos uniforme. Além disso, as ferramentas de aferição de qualidade usadas pela indústria são baseadas no processamento do café lavado, dificultando a elevação dos padrões dos "naturais".

Alguns participantes da conferência avaliaram que conversas sobre atingir mercados sofisticados seriam prematuras, dados os níveis de produção atuais. "Nós precisamos começar com os agricultores no campo, disse Ramzi al-Hayat, um comprador e exportador de Sanaa. "Neste momento estamos comercializando. Mas o que comercializaremos em 10 anos a menos que seja dada ajuda aos produtores?"

Segundo Samer Al-Otmi, uma autoridade do departamento de café do Ministério da Agricultura, há muitos motivos para a queda da produção do café, incluindo escassez de água e a perda das habilidades agrícolas tradicionais. Ele admitiu que, embora o governo tenha apoiado programas de irrigação, não houve "esforço suficiente".

O khat é mais intensivo em água do que o café, mas sua comercialização é mais regular e ele é mais lucrativo. Para agricultores que operam com margens pequenas, com pouco conhecimento do mercado internacional, o café é mais arriscado.

Um produtor que participou da conferência, Ali Hassan Ahmed Amer, perguntou: "Se vocês querem que eu retire o khat e plante café, como me garantirão que receberei um bom preço por esse café? Se todos fizerem o mesmo haverá mais oferta do que demanda. Com o khat , sabemos com certeza que o consumo existe", disse. O apoio em larga escala do governo ou de doadores provavelmente será fundamental.

Fonte: Financial Times

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