IAC completa 124 anos e lança Programa de Cafés Especiais

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Para brindar, uma carta de cafés. E para avançar, um curso de MBA. É nesse contexto que o Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, completa 124 anos no dia 27 de junho de 2011 (segunda-feira). Como parte das comemorações, o IAC lança Programa de Cafés Especiais e assina documento que viabilizará a implantação do primeiro MBA em Fitossanidade do Brasil, em parceria com a Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF). O documento será assinado no evento comemorativo pelo diretor-geral do IAC, Hamilton Humberto Ramos, e o diretor executivo da ANDEF, Eduardo Daher. A primeira turma deverá ter início em janeiro de 2012.

A cerimônia de aniversário do IAC será no dia 27 de junho (segunda-feira), a partir das 16h, na Sede do Instituto, em Campinas. No evento será entregue o “Prêmio IAC”, como ocorre todo ano desde 1994, em reconhecimento à dedicação e competência de seus servidores. Este ano, serão agraciados Walter José Siqueira e Luzia Aparecida Felisbino da Silva, respectivamente, nas categorias internas “Pesquisador Científico” e “Servidor de Apoio”. Na categoria externa “Produtor Rural” será agraciado Antônio Roberto Losqui, descendente de tradicional família agricultora de Jundiaí. Losqui é responsável por propriedade rural especializada na produção de frutas como uva, pêssego, nectarina, caqui, goiaba, morango e seriguela.

Para os apreciadores da bebida, o cheiro e o sabor de um café recém preparado são de dar água na boca. No início das manhãs, para muitos, o cafezinho faz a diferença entre despertar e apenas levantar. Se ele já é tão valorizado, imagine então o café especial — com perfil sensorial diferenciado em sabor e aroma. Para contribuir com a disponibilização desse tipo de produto aos consumidores e a geração de nova oportunidade à cadeia de produção do café, o Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, lança o Programa de Cafés Especiais IAC ao completar 124 anos.

A ideia é disponibilizar ao setor da cafeicultura uma “carta de cafés” — opções variadas de cultivares de alta qualidade — com a possibilidade de reorientações nas pesquisas científicas que possam resultar em materiais específicos para as demandas apresentadas e as regiões geográficas onde se pretende cultivá-los. Isso porque a qualidade é muito sensível às variações de ambiente, diferentemente de características agronômicas, como resistência a pragas.

Além da adoção de padrões internacionais para avaliação da qualidade dos cafés especiais, o IAC está propondo com esse Programa um sistema inovador de trabalho, caracterizado pela reunião de áreas de pesquisas aliadas à cadeia de produção do café e ao mercado. Esse arranjo favorecerá o atendimento de demandas específicas de diferentes regiões produtoras e o alinhamento da produção de bebidas especiais com as exigências do consumidor. Outra característica do Programa de Cafés Especiais IAC está em ações que poderão contribuir para a redução do prazo necessário para obtenção de novas cultivares de café.

O Programa vem trazer opções ao nicho de mercado da cafeicultura. Os produtores que investirem nesse segmento têm a possibilidade de vender a saca de 60 quilos a valores que ultrapassam em muitas vezes o preço do café comum, que está em torno de R$ 500,00. No especial, há sacas vendidas a R$ 2.400,00, que após o processamento, passam a custar cerca de R$ 7 mil. Para o consumidor, o pacote de 250 gramas varia em torno de R$ 30,00. É a agregação de valor para quem está disposto a vender e comprar produtos diferenciados.

Segundo o pesquisador, há potencial para obtenção de cafés com nuances de sabor e aroma floral, frutado, achocolatado, cítrico, entre outros. “Os resultados preliminares são animadores e indicam a possibilidade de produção de cafés de altíssima qualidade sensorial que não deixam nada a desejar em relação aos especiais produzidos por outros países”, comenta Giomo.

Segundo Giomo, os especiais são cafés que, além da elevada qualidade de bebida, têm atributos distintos, com destaque para aroma, sabor, doçura, corpo e acidez da bebida. “São cafés finos, aromáticos, agradáveis ao paladar e sem qualquer tipo de defeito. Quanto mais complexo e mais diferenciado for o perfil sensorial, maior é o valor do café no mercado de cafés especiais”, explica. Para quem gosta de consumir café puro, os especiais são os mais adequados. “Quando bem preparados, é um café que se ingere puro, sem adição de açúcar, leite, chocolate ou qualquer outra coisa”, diz.

Durante a cerimônia de aniversário do IAC, o público terá a oportunidade de degustar alguns cafés preparados para filtro (coador) e para espresso, obtidos com materiais genéticos em seleção no IAC. Dentre esses materiais, há também híbridos obtidos a partir do cruzamento de cultivares comerciais com outras introduzidas de outros países, o que contribui para a diversificação dos tipos de café, com aroma e sabor diferenciados.

De acordo com o pesquisador, os novos materiais em estudo no Instituto são cultivares IAC. Participaram da formação desses especiais os cultivares: Bourbon Vermelho, Bourbon Amarelo, Caturra, Catuaí, Icatu, Obatã e Mundo Novo, dentre outros. O trabalho de seleção é focado nas características qualitativas que interessam ao café especial, como tamanho do grão e qualidade de bebida.

Vale ressaltar que as inúmeras características qualitativas que podem ser exploradas para o desenvolvimento de cafés com qualidade de bebida superior só são viáveis graças ao rico Banco de Germoplasma mantido pelo IAC — um dos mais completos do mundo.

Nesse estudo inovador, a ênfase é dada às cultivares com diferencial no sabor e no aroma, sempre buscando o resultado final da bebida. Giomo explica que a qualidade depende de uma série de fatores, como genética da planta, ambiente de cultivo, manejo da lavoura e técnicas de processamento. Para cada situação, o Programa irá realizar estudos direcionados para identificar a melhor combinação desses fatores que possam potencializar a qualidade e favorecer a obtenção de bebidas diferenciadas.

Materiais promissores estão sendo cultivados em escala experimental em Campinas, Mococa e São Sebatião da Grama para avaliações agronômicas e tecnológicas. “Essas avaliações têm apontado para a superioridade de alguns genótipos em relação às cultivares testemunhas, o que é de grande importância para a seleção de plantas com elevado potencial produtivo e qualitativo”, diz Giomo.

Vale enfatizar que o cultivo do café especial é igual aos demais. As lavouras devem ser tecnicamente conduzidas, com nutrição equilibrada, manejo de plantas daninhas e para cada cultivar devem ser utilizados espaçamentos adequados, assim como o esquema de podas, adubação e irrigação. “Maiores mudanças deverão ocorrer na pós-colheita, onde técnicas específicas de processamento e de secagem deverão ser implementadas para potencializar a qualidade do café”, explica.

Diferencial do Programa de Cafés Especiais IAC- O Programa de Cafés Especiais IAC concentra esforços no pré e pós-melhoramento para acelerar a obtenção de novas cultivares de café arábica, adaptadas aos diversos ambientes de produção e com maior aptidão genética para produzir cafés especiais.

O Programa irá aproveitar esses estudos realizando cruzamentos entre cultivares já estabelecidos com espécies pouco conhecidas e com alto potencial sensorial. Feita essa hibridização, o programa não irá esperar por quatro ou cinco anos necessários para a estabilização do material. A produção será feita a partir de mudas clonadas que reúnem todo o potencial de ambas as cultivares clonadas. Nesse sentido, o trabalho abre a possibilidade de desenvolvimento de novas cultivares em prazo bem menor que no melhoramento genético convencional, que pode chegar a 30 anos obtenção de novas cultivares. A expectativa é reduzir esse tempo em 30% a 50%.

A estratégia da qualidade é alicerçada a partir da tríade ambiente, processamento e genética. O pesquisador explica que devido ao vasto território geográfico, o Brasil possibilita os mais variados ambientes. “É como se fossemos vários países, dentro de um só”, afirma.

O Programa de Cafés Especiais IAC realizará todas as combinações possíveis de processamento para cada ambiente de produção e somente frutos 100% maduros serão utilizados para as avaliações qualitativas. Dessa forma, os diferentes resultados obtidos em cada local, tanto sensoriais como físicos (tamanho, forma e coloração do grão) serão fruto da constituição genética de cada variedade.

Segundo o pesquisador, é justamente essa forma especializada de produção que possibilita atender demandas extremamente específicas. “Se o produtor busca um grão alongado e uniforme, que produza uma bebida ácida, teremos variabilidade genética e técnicas de processamento específicas para buscar exatamente o que ele procura”, diz Giomo.

O pesquisador explica que o processo de melhoramento genético do café especial é contínuo. “O Programa irá buscar continuamente a perfeição em cada aspecto, lançando cultivares cada vez mais adequadas a demandas específicas”, diz.

A importância do Programa de Cafés Especiais IAC está em não limitar a pesquisa apenas ao desenvolvimento de novos materiais. O trabalho soma áreas de melhoramento genético, fitotecnia e pós-colheita, com o objetivo principal de potencializar os quesitos qualitativos das cultivares, a fim de fortalecer a cadeia produtiva dos cafés especiais no Brasil. “Nossa missão é garantir a qualidade do café na sua totalidade, da semente à xícara”, resume

O Programa de Cafés Especiais IAC propõe a participação de todos os elos da cadeia de produção, unindo pesquisadores, produtores, torrefadores e comerciantes em torno da mesma finalidade.

O controle de qualidade do Programa de Cafés Especiais IAC usa métodos recomendados pela Specialty Coffee Association of America (SCAA) e pelo Coffee Quality Institute (CQI), dos Estados Unidos. “No programa de cafés especiais, os cafés são avaliados da mesma forma como são avaliados nos principais países consumidores e produtores de cafés especiais, como Estados Unidos, Japão, Etiópia, Quênia, El Salvador e Costa Rica”, afirma o pesquisador.

Além de recursos do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, parte das atividades do Programa poderá ser financiada por agências de fomento e pela iniciativa privada por intermédio de parcerias. A interação com o setor privado é fundamental para a execução do Programa, considerando a aceleração e obtenção de resultados. O pesquisador destaca que, respeitando-se as limitações biológicas inerentes a qualquer processo de melhoramento genético e produção de café, a velocidade de geração de resultados será proporcional ao aporte de recursos financeiros, humanos e estruturais alocados ao Programa.

Medalha “Franz Wilhelm Dafert”contempla instituições de pesquisa – A Medalha que leva o nome do primeiro diretor do Instituto Agronômico é destinada à homenagem de protagonistas da ciência agrícola nacional. Este ano, serão homenageados o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico (CNPq), a Fundação AGRISUS – Agricultura Sustentável e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), em retribuição às contribuições para a pesquisa. A entrega da Medalha será feita na cerimônia de aniversário, no dia 27 de junho, a partir das 16h, em Campinas.

O Prêmio IAC é uma manifestação de reconhecimento pelos 60 anos de trabalho do CNPq, importante apoiador das pesquisas do IAC. Nestes 60 anos dedicados ao fomento da pesquisa científica e tecnológica e à formação de recursos humanos, o CNPq construiu história de sucesso. Em 2011, apoiará com bolsas mais de 14 mil pesquisadores de Produtividade em Pesquisa, aproximadamente 20 mil bolsistas de mestrado e doutorado e 7 mil bolsistas nas diferentes modalidades de fomento tecnológico, a maioria em atividades de pesquisa e desenvolvimento diretamente nas empresas. Apóia também outros 46 mil estudantes de graduação e do ensino médio, envolvidos em projetos de Iniciação Científica e Tecnológica.

A Fundação AGRISUS – Agricultura Sustentável será homenageada devido aos seus 10 anos de dedicação e financiamento de projetos de ensino, pesquisa, desenvolvimento e divulgação de novas tecnologias voltadas para a conservação, melhoramento e fertilidade do solo. Única entidade privada e sem fins lucrativos do gênero, a missão da Fundação é impulsionar a pesquisa agronômica e difundir tecnologias para otimizar a fertilidade da terra de forma sustentável.

Desde 1962, a FAPESP é o braço autônomo do Estado de São Paulo responsável pelo apoio à pesquisa. Seu sucesso se dá pela gestão exclusiva de especialistas comprometidos com as finalidades sociais do desenvolvimento científico e tecnológico. Por meio da FAPESP o Governo Paulista dota o Estado de São Paulo de organismo de apoio à pesquisa autônomo, eficiente e ágil nas decisões. O IAC mantém intensa relação com a Fundação e desta recebe relevantes aportes para a pesquisa.

Fonte: Assessora de Imprensa IAC – Instituto Agronômico de Campinas

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