Governo da Etiópia destaca aquecimento global em Conferência Mundial do Café
O primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn, afirmou nesta segunda-feira (7/3) que o aumento das temperaturas no planeta representa "uma séria ameaça de potencial desastroso" aos pequenos produtores. "Exportadores, processadores e vendedores também têm a responsabilidade de ajudar a proteger os produtores de café dos impactos climáticos", disse, apontando que apenas produtores e governos não são suficientes para solucionar a questão. Desalegn discursou durante abertura da Conferência Mundial do Café, que ocorre em Adis Abeba, capital da Etiópia.
A volatilidade dos preços foi outro tópico abordado pelo primeiro-ministro, que pediu uma "distribuição mais justa" dos ganhos, já que os pequenos produtores sofrem mais com as quedas nos preços. "Quanto é pago ao produtor? Infelizmente, muito pouco", criticou.
A produção de café na Etiópia deve atingir 6,5 milhões de sacas em 2015/2016 (Foto: Mike Haller/CCommons)
De acordo com projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), a produção de café na Etiópia deve atingir 6,5 milhões de sacas 2015/2016. O país é o quinto maior produtor global. O continente africano por sua vez, perdeu espaço no mercado mundial de café, recuando de 20% em 1999 para 12% atualmente. O avanço das técnicas de produção no Brasil e Vietnã, enquanto houve pouca mudança nas lavouras africanas, é apontado como principal fator para a perda de market share.
Na China, o consumo de café avançou 83% ao longo dos últimos quatro anos, afirmou a Associação de Café do país, durante o evento. O aumento foi puxado pelo aumento da popularidade entre os jovens e percepção de status social. Ainda assim, os preços domésticos são uma barreira para muitos consumidores.
A produção global de café na safra 2015/2016 deve totalizar 143,4 milhões de sacas de 60 kg, estima a Organização Internacional do Café (ICO, na sigla em inglês). A projeção foi apresentada durante a conferência, na capital da Etiópia. O resultado corresponde a um aumento de 1,4% em relação ao período anterior (141,4 milhões de sacas). A Organização estima um déficit na oferta, volume que deve ser suprido pelos estoques disponíveis.
Fonte: Estadão Conteúdo via Revista Globo Rural