Geada e preço baixo fazem produtor desistir das últimas plantações de café no PR

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Desanimado com as geadas ocorridas entre o mês de julho e agosto, produtores da estrada São Tomé em Umuarama-PR, após 40 anos, estão deixando a lavoura de café. Além das perdas, o preço baixo também é outro fator para acabar de vez com a plantação que já foi conhecida como “ouro negro” e ajudou no desenvolvimento da região.

Na propriedade do irmão de Antonio Luiz Cossi, os três alqueires de café foram tombados e darão lugar para mandioca. Segundo Luiz Cossi, há 40 anos a família planta café nas propriedades localizadas na estrada São Tomé, mas as geadas dos últimos dias e o preço, R$ 4,00 reais o quilo, motivaram os agricultores a abandonar a cultura e optarem pelo plantio da mandioca.

Cossi lembrou que no início do município a região da estrada era repleta de cafezais, mas os problemas climáticos e econômicos mudaram o cenário da região e poucos agricultores ainda persistem na cafeicultura. “Nessa propriedade ano passado meu irmão conseguiu tirar, ainda, umas 200 sacas de café. Agora abandonamos a cultura de 40 anos para apostar na mandioca”, disse.

Na propriedade ao lado, o trabalhador rural Luis Gabriel tenta proteger os poucos pés de café que não foram afetados com a última geada de ontem. Gabriel conta que sobraram apenas 10 mil pés dos 25 mil que estavam dando frutos. Já a safra foi toda perdida. “Foram suficiente três geadas para destruir tudo. Agora teremos que esperar 2015 para ver se teremos produção novamente”, informou.

Sem a certeza de colheita em 2015, os produtores de café começam a caminhar para outras culturas e o ano de 2013 pode marcar o fim das últimas lavouras do fruto em Umuarama.

 

Deral

Segundo técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) – núcleo de Cianorte, Fábio Borges Camargo, no levantamento de perdas realizado na geada de julho 67% da produção da região de Umuarama estava comprometida e 20% dos cafezais seriam erradicados devido à queimada. “A estimativa de colheita era de 2.012 toneladas, com a geada caiu para 654 toneladas. Mas com a geada de ontem (quarta-feira) esse número deve ter diminuído ainda mais”, disse.
Camargo também esclareceu que a geada da madrugada de quarta-feira foi tradicional e atingiu localidades mais baixas, porém com maior ocorrência. Já as geadas no final de julho aconteceram de forma atípica, pois devido à força do vento atingiram regiões mais altas.
 

Geada Negra

Em 1975, no dia 18 de julho, há 38 anos, a “Geada Negra” devastou as plantações de café no Paraná. A cafeicultura, naquela época, era a mola mestre do desenvolvimento paranaense e também promovia o crescimento de Umuarama. O dia seguinte a geada as colônias das fazendas de café de Umuarama e dos municípios vizinhos começaram a se desfazer. Os colonos, aqueles que davam duro nas plantações, ficaram perdidos sem trabalho. Uma parte migrou para a periferia da cidade, mas a grande maioria debandou para outros lugares, como Mato Grosso, Rondônia. A data foi o marco para o início do fim do ciclo do café na região.

Fonte: Umuarama Ilustrado

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