FOLHA TÉCNICA: Sistema de poda para safra zero em cafeeiros equilibra as safras anuais

Imprimir
O sistema de poda safra zero, em lavouras de café, se mostra muito adequado para equilibrar as safras, ou seja, para uniformizar as produções, entre os anos, nas propriedades.

A poda de esqueletamento/desponte é aplicada em cafeeiros combinando o corte lateral das plantas, realizado sobre a ramagem produtiva, com o corte superior da haste, ou um decote. Com esse tipo de poda, se zera a produção no ano seguinte, pois se elimina as partes dos ramos que iriam produzir na próxima safra. Quando essa poda é aplicada a cada 2 anos o sistema é chamado de safra zero/safra 100, ou seja, sem safra num ano e safra bem alta no outro.

A poda de esqueletamento/desponte é indicada depois de uma safra alta ou na previsão de uma safra baixa no ano seguinte, primeiro para reduzir perda de safra, segundo porque cuidar, e, principalmente, colher lavoura com pouca carga onera muito o custo de produção. Essa regra, aliás, é válida para todos os tipos de poda. Essa regra deve ser observada no início de uso do sistema, sendo ideal que, rapidamente, se atinja uma programação de podar cerca de 50% das lavouras, de uma propriedade, num ano e o restante no outro. Assim vai-se colher, em cada ano, áreas menores e só lavouras bem produtivas.

A experiência desenvolvida na Fda Sta Helena, no Sul de Minas, mostra que nos últimos 11 anos, já com 5 ciclos de poda do sistema safra zero em cafeeiros, houve boa vantagem no seu uso e foi possível observar, claramente (figura 1) que as produtividades e as safras se equilibraram ao longo dos anos e num bom patamar. Com uma área de lavouras de café de pouco mais de 200 ha a Fazenda tem alcançado safras na faixa de 9 – 10 mil sacas/ano, portanto, com produtividade global da área acima de 40 sacas/ha e, em cerca da metade das lavouras, naquelas que se encontram nos anos de safra, produzindo na faixa de 80-100 scs/ha.

Na mesma figura 1 pode-se ver como vinham as produtividades e, consequentemente, as safras, nos 10 anos, a partir de 2000, anteriores à adoção do sistema safra zero. Verifica-se, nesse período, a tradicional bienalidade produtiva, típica da cafeicultura brasileira de café arabica, cultivada a pleno sol. Essa variação é devida a que, na condição de um ano de boa safra as plantas se esgotam e não tem boa capacidade para o crescimento da ramagem nova, necessária para a safra seguinte. Assim, zerando a produção baixa e programando uma alta, através da poda, além das vantagens de redução de custos, tem-se aquela de equilibrar as safras anuais, facilitando no fluxo de rendas do produtor.

Para finalizar, citamos as condições básicas para o sucesso na adoção do sistema safra zero – contar com lavouras com bom espaçamento, com maior número de plantas por área, começar as podas antes de perda significativa de saia, podar o mais cedo possível no pós-colheita, e podar um pouco mais longo e alto, observando a condição da ramagem e o espaçamento.

Fonte: Fundação Procafé (Por J.B. Matiello e L. Bartelega – Engs Agrs Fundação Procafé e Celio L. Pereira – Eng Agr e Marcos E. Manoel Tec. FSH)