Florada do café enche de beleza e cores as lavouras do grão em MG

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Folhas verdes, frutos amarelos, vermelhos ou escuros. Um cafezal se tinge de muitas cores. Mas tem um momento em que o branco se esparrama e enche de beleza a lavoura. O Globo Rural foi até o sul de MG, principal produtor de café arábica do país, para mostrar o mágico momento da florada.

Na maioria das plantas, o desenvolvimento das folhas, da flor e do fruto se dá no período de um ano. No café, em dois. Um dos pontos importantes desse ciclo é a florada, que determina quanto vai dar de café este ano e quanto se pode esperar para 2018.

A maior cooperativa de café do país, talvez do mundo, fica no sul de Minas Gerais, perto de Guaxupé, quase na divisa com estado de São Paulo. Mais de 85% dos 14 mil produtores da cooperativa são da agricultura familiar.

A cooperativa Cooxupé nasceu em 1932 para amparar os produtores após a crise mundial de 1929, quando a bolsa de Nova Iorque quebrou e, sem compradores, os cafeicultores brasileiros não tinham como vender a produção. No começo, o café era puxado por mulas. Depois, veio o trem, agora segue para os portos de exportação em containers. O orçamento da Cooxupé é de mais de US$ 1 bilhão.

O grão do café depende do homem, da forma como ele tocou a roça, da adubação, da colheita, da secagem e do transporte. Já a florada, sem a qual não existe o fruto, só depende do tempo. Nesta época, se o calor for muito intenso e não chover, as flores do cafezal não chegam a se abrir. Elas morrem. Assista à reportagem completa neste link.

A segunda parte da reportagem sobre a florada do café mostra porque uma flor tão pequena consegue afetar a cotação da bolsa de Nova Iorque. E apresenta as belas imagens do cafezal em flor, que transforma o campo e inspira os artistas.

Treze dias depois da primeira chuva, a florada. Os botões, que eram de um verde clarinho, agora abertos, expõem a cor predominante das flores. No ar, um discreto perfume do café florido. É um dos mais belos momentos do cafezal. Visto de longe, parece que caiu neve em cima da lavoura.

Um morador da região disse que a florada tem um componente mágico. É o fenômeno que transforma flor de café em dólar, com a exportação de 80% do café da região.

A flor pode pegar ou não pegar. Naquelas em que se dá o pegamento, surge o chumbinho, nome do fruto quando miúdo. Ele se põe a crescer, verde. Depois, passa para a classificação cereja. Finalmente, fica seco, chamado de coco.

A flor do café tem em si tanto a parte masculina quanto a feminina. Ocorre muito a autofecundação: o pólen, parte masculina da flor, alcança o ovário da própria flor através de um movimento natural. A quantidade de flores é enorme. Mas, o auge da florada dura de dois a três dias. Por isso, os produtores de mel acham que não compensa o deslocamento de muitas caixas para o cafezal. Mas, aqueles que levam as abelhas são gratificados por um mel de grande procura.

Quando chega na cooperativa, o café passa por uma classificação. Primeiro a saúde e a regularidade do grão. Depois vem o teste do paladar, com aquela chupada que produz um gesto e um ruído singulares. Após a classificação, chega a hora boa: vender o café.

A florada também chama a atenção dos artistas. Augusto Zerbini ganha a vida com motores na cidade. Mas tem o café como tema de seus quadros. Ele já fez até exposição. Agora, torce para que essa florada dure o tempo que precisa para pintá-la.

Da pintura para a música. Luis Antonio Moura e Orlando Resende vivem do café no município de São Tomaz, a cerca de 90 km de Guaxupé. Eles tocam em roda de amigos, no clube, em festas da comunidade. E são encantados com Flor do Cafezal, de Luiz Carlos Paraná, música que consideram o hino da florada.

Luiz Carlos Paraná era de Ribeirão Claro, no Norte do Paraná, região que já foi grande produtora de café. Cafezal em Flor foi uma das últimas composições de Luiz Carlos Paraná, que morreu antes dos 40 anos, em 1970. A gravação de Cascatinha e Inhana fez da música um clássico.

O resultado final da florada só será conhecida na colheita de 2018, nos meses de junho e julho. Florada é um momento prazeroso na penosa lida de produzir café. Talvez seja o seu momento mais festivo. De qualquer forma, a música hino da florada é, por si só, um bom motivo de otimismo e de alegria. Assista à reportagem completa neste link.

Fonte: Globo Rural (Por José Hamilton Ribeiro)

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