Ferrugem do café se espalha na Colômbia, arruina a safra e aumenta preços

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A infestação do fungo conhecido com o roya em cafezais da Colômbia vem levantando uma série de rumores sobre uma eventual elevação dos preços internacionais da commodity nos próximos meses, segundo reportagem do Wall Street Journal. O fungo, também chamado de "ferrugem do café", se espalhou em meio às chuvas torrenciais em áreas de produção do país, o que força os produtores a substituir suas plantas por variedades resistentes. O roya cresce nas folhas do cafeeiro e retira nutrientes das cerejas.

O produtor Juan Maria Canar, na região de Narino, sudoeste da Colômbia, afirmou que teve de replantar a maior parte de sua lavoura. Ele geralmente produz 1,5 mil kg de café. "Nesta temporada, terei metade disso", afirmou.

O fungo arruinou o que deveria ser um ano de boa produção na Colômbia, segundo maior produtor mundial de arábica de qualidade. Seu café é suave, colhido a mão e pelo qual traders costumam pagar um prêmio. Até 10% da produção de café da região, cerca de 121,4 mil hectares, foram replantados neste ano, numa tentativa de combate à ferrugem. Porém, novas plantas geralmente levam três anos para produzir cerejas, o que deve restringir a oferta e elevar os preços.

A Federação Nacional de Produtores de Café da Colômbia (Fedecafé) ainda não divulgou projeções de safra, pois disse que é difícil estimar a produção diante da grande quantidade de chuva que caiu no inverno. Depois de ter superestimado as metas de produção das últimas três temporadas, "eles estão muito cautelosos com o que dizem", explicou o corretor Jack Scoville, da Price Futures Group. Em um bom ano, a Colômbia costuma produzir 11 milhões de sacas.

Conforme a Organização Internacional de Café (OIC), a produção global de arábica vai diminuir 4,3% no atual ano safra, que começou em outubro, totalizando 79,6 milhões de sacas de 60 kg. Enquanto isso, a demanda está crescendo. A OIC afirmou que o consumo global de café cresceu em média 2,5% ao ano durante a última década, com destaque para os países emergentes.

De qualquer forma, investidores estão atentos a uma possível crise no mercado. Os contratos futuros do café arábica, variedade mais usada no mundo, vêm caindo como outras commodities, em meio aos problemas na economia europeia.

No entanto, os declínios são menores do que os de outras commodities agrícolas. Os preços internacionais do café caíram 7,4% neste ano, enquanto o algodão recuou 40% e o cacau cedeu 28%. Por volta das 12h40 desta quarta-feira, o contrato com vencimento em março na bolsa ICE Futures US, em Nova York, operava a 219,55 cents/lb. "O café não está sendo vendido tanto quanto outras commodities", comentou a analista Kona Haque, do Macquarie Bank. "O café está mantendo um piso."

Entretanto, analistas disseram que sinais de alerta no mercado de café vão em breve se tornar mais visíveis, por meio da incerteza causada pela crise da Europa. "O cenário dos fundamentos está em segundo plano, pois todo mundo está preocupado com a Europa", recordou o analista Márcio Bernardo, da corretora Newedge. As informações são da Dow Jones.

Fonte: Agronotícias (Publicado pelo Wall Street Journal, e divulgado pela agencia Dow Jones e por O Estado de S. Paulo.)

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