Estiagem prejudica algumas safras

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 A estiagem em São Paulo está provocando problemas na maioria dos setores da agropecuária, mas alguns, como o café, estão até se beneficiando com a falta de chuva.
Na região de Marília, no centro-oeste do estado de São Paulo, os cafeicultores ainda estão colhendo o grão e torcem para que o clima continue seco por mais algumas semanas. Não cai uma gota de chuva na região há um mês e meio.

“Causa transtornos a maioria da população, mas para nós este momento é importante, porque estamos em plena colheita de café”, explica José Wilson Lopes, agricultor.

A baixa umidade do ar favorece a secagem uniforme dos grãos. “O café, no processo de colheita e secagem, não pode sofrer ação de chuva, de umidade alta, porque isso ocasiona um processo de fermentação no grão e a fermentação é justamente o fator que prejudica a qualidade do café, a bebida do café”, diz Aurélio Girotto, agrônomo.

O café é uma das poucas lavouras que está se beneficiando com a estiagem. No município de Paraguaçu Paulista, Valdemir Maiolli usa um aparelho para medir a quantidade de chuva, mas está seco há mais de um mês. A estiagem fez o capim secar e as vacas comem menos. O rebanho emagreceu e a produção de leite caiu. “As vacas não tem mais o que comer, a única comida delas é a que coloca no coxo, porque o pasto mesmo está todo seco”, explica o produtor de leite.

O produtor de leite Giuliano Poterzan Jorge estocou silagem de milho, mas o produto já está acabando. “Como a gente tem acesso a outros produtos fora da propriedade, como bagacinho, cevada, massinha de mandioca, resíduo de algodão, a gente vai levando. Só que a gente precisa comprar”.

Não são apenas os pastos que sofrem com a estiagem, o que antes era um açude hoje é uma poça d’água. Até a cana de açúcar sente a falta da chuva. Os plantios novos não estão se desenvolvendo bem.

A estiagem também preocupa os produtores de laranja do noroeste de São Paulo. Em Panabí, as laranjas estão caindo no chão. “Para falar em números, em torno de 15% de perdas a gente já visualiza na safra atual”, revela Lincoln Aparecido Alves, agricultor.

Por causa da seca, alguns produtores anteciparam a colheita em alguns pomares. Em uma plantação de Neves Paulista, a fruta ainda não tem a qualidade e o peso necessários para o mercado, mas o produtor tenta evitar um prejuízo ainda maior. “A colheita normal dela ocorreria entre setembro e outubro. Acelerou a colheita com a qualidade não tão boa porque a estiagem está forte”, diz Antônio Garcia Júnior, agricultor.

O receio é que a falta de chuva também comprometa a próxima safra, como explica o agrônomo José Azevedo Soares. “O botão floral, a flor, é muito sensível e por qualquer motivo ela cai. Com a umidade relativa do ar tão baixa, esta flor vai deixar de produzir frutos”.

Fonte: Globo Rural

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