Especialista diz que Brasil vive sua melhor colheita de café desde 1974

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“Desde 1974 o Brasil não tem uma colheita tão boa como a deste ano”. A afirmação é do pesquisador do Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo Celso Vegro. Segundo ele, a cafeicultura brasileira vive um momento único, resultado de uma série de fatores econômicos e naturais. Entre os fatores naturais está a chamada bianualidade do produto, que intercala um ciclo produtivo alto e outro baixo. Como 2010 foi um ano de grande produtividade, este será um ano de safra menor. “Em anos de safra baixa o mercado ganha em qualidade porque há uma pressão menor no preparo, um investimento maior por parte do produtor e consequentemente um maior retorno financeiro”, disse Celso. As declarações foram feitas na última quinta-feira durante o evento “Sabores da Colheita” realizado no Instituto Biológico, em São Paulo, para comemorar o início da colheita no Estado.

Segundo o especialista, outro fator responsável pelo bom momento do café brasileiro é a alta dos preços do produto no mercado internacional, provocada pela recente valorização de commodities. “Há muito tempo não se vê preços assim”, lembrou Celso. O diretor do Instituto Biológico, Antônio Batista Filho, também confirmou as boas expectativas e atribuiu o bom momento do café no Brasil a fatores como o aumento do consumo interno, a abertura de dezenas de novas cafeterias em todo o País e a crescente valorização dos cafés especiais. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), este ano o Brasil deve colher cerca de 43 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado, 9,5% a menos que os 48,09 milhões de sacas do ano passado. Ainda assim, os números são considerados acima do esperado.

COLHEITA URBANA

Para comemorar o início da colheita de café no Estado de São Paulo, cerca de 250 pessoas entre produtores, empresários, baristas e representantes do governo se reuniram na última quinta-feira (19) para uma derriça simbólica realizada anualmente no cafezal urbano do Instituto Biológico, na região central de São Paulo. O ritual ocorre desde 2006, quando o Coordenador do Concurso Estadual de Qualidade do Café Eduardo Carvalhaes conheceu de perto a colheita de uvas no parreiral urbano de MontMartre, Paris, onde centenas de pessoas se reúnem uma vez por ano para celebrar o início de um novo ciclo produtivo. “Pensei que seria interessante fazer alguma coisa parecida no Brasil e mostrar esse cafezal incrível que temos no centro de São Paulo”, contou Eduardo.

Depois de um café da manhã coletivo, realizado no jardim do Instituto Biológico, Antônio Junqueira, Secretário de Agricultura do Estado, lembrou os convidados sobre a importância do café para a economia paulista. “Isso que estamos fazendo aqui hoje é pouco perto do que o café já fez pelo Estado de São Paulo”, declarou. Este ano, a produção paulista de café arábica está estimada em 3,475 milhões de sacas de café beneficiado. Os números fazem parte do levantamento de previsão da safra 2011/12 do Instituto de Economia Agrícola (IEA/Apta). O Estado de São Paulo é o terceiro maior produtor de café do País, atrás de Minas Gerais e do Espírito Santo. O produto ocupa o quinto lugar dentre os principais agregados de cadeias de produção nas exportações do agronegócio paulista.

 

Texto Rodrigo Cruz
Fonte: Revista Espresso

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