Envio de café do Brasil à ICE mostra que rali pode perder força

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O maior produtor mundial embarcou os primeiros grãos do tipo que pode ser entregue à ICE Futures U.S. em mais de um ano, um sinal de que o estoque mantido pela bolsa em Nova York poderá em breve se recuperar da maior baixa em quatro anos. Isso pode dar um fim a um rali impulsionado por fundos de investimento que elevou os futuros do arábica em 16% neste ano.

O Brasil está enviando café para entrega na bolsa em um momento de projeção de aumento de 13% da produção nesta temporada, segundo estimativa do Departamento de Agricultura dos EUA. A produção será impulsionada principalmente pela variedade arábica, o tipo preferido para bebidas especiais, como as preparadas pela Starbucks.

“Como esperávamos há algum tempo, vemos o primeiro lote de café do Brasil certificado na bolsa”, disse Carlos Mera, analista do Rabobank International em Londres, por e-mail, na terça-feira. “Se começarmos a ver dezenas de milhares de sacas, que potencialmente chegarão a centenas de milhares de sacas, será bastante bearish”.

Classificação de grãos
Os futuros do café arábica subiram neste ano porque os baixos estoques em bolsa atraíram recursos dos fundos de investimento. Os especuladores aumentaram as apostas na alta dos preços ao maior nível desde 2014 na semana que terminou em 5 de julho, mostram dados do governo dos EUA compilados pela agência de notícias Bloomberg.

Os estoques, que vêm caindo desde 2013, atualmente estão em 1,3 milhão de sacas, nível mais baixo registrado desde outubro de 2011, segundo dados da ICE. Cada saca de café pesa 60 quilos (132 libras-peso).

A ICE classificou 285 sacas de café brasileiro, que foram adicionadas ao estoque da bolsa na segunda-feira. Os grãos, atualmente armazenados em Nova York, são os primeiros do país a ingressarem no estoque da bolsa desde 29 de abril de 2015. A última vez em que a bolsa contou com café brasileiro em suas reservas foi em 20 de janeiro.

Os grãos do Brasil começaram a ser aceitos para entrega na ICE em março de 2013 e o primeiro café foi classificado três meses depois. A bolsa não havia conseguido atrair uma grande oferta do Brasil porque aplicava um desconto de US$ 0,09 libra-peso até maio, quando alterou a margem para US$ 0,06. Além disso, o Brasil não produz uma grande quantidade do tipo de café exigido pela ICE, que precisa ser lavado.

O desconto menor atualmente aplicado aos grãos brasileiros tornou mais fácil para os investidores atingir os níveis de preço nos quais a entrega para a bolsa é rentável.

Embora este não seja o caso no momento, esse ponto de inflexão ficou mais próximo quando os preços chegaram a subir 4,1% na segunda-feira, ao nível mais alto em mais de um ano, disse Mera. Os futuros para entrega em setembro subiram 0,3% na quarta-feira após caírem 1,3% ontem.

Fonte: Bloomberg (Isis Almeida e Fabiana Batista) via UOL Economia

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