Entenda os impactos da pandemia de Covid-19 sobre o mercado de café
O dólar, apesar do crescimento da tensão EUA-China e das divergências políticas no Brasil, apresentou-se mais calmo e recuou 4% frente ao real nesta semana, depois de ter acumulado 8% de alta nas duas anteriores.
Segundo Carvalhaes, com a moeda americana e os contratos de café na ICE em Nova Iorque acumulando baixas na semana, o mercado físico brasileiro de café apresentou-se calmo, com as ofertas dos compradores recuando ao longo dos dias. “Como são raros os lotes ainda em mãos de produtores neste final de ano-safra, os poucos negócios que saíram na semana foram sempre para compradores com necessidade de compra imediata e assim dispostos a pagar acima da média dos preços oferecidos no mercado”, diz.
Os trabalhos de colheita avançam a uma velocidade menor que a usual em outros anos, segundo a corretora. Os cuidados adotados pelos cafeicultores são bem maiores devido à pandemia da covid-19. Procuram, sempre que possível, usar mão de obra da própria região, diminuindo a expansão do vírus. “É uma boa solução, contribuindo com o combate à pandemia e dando trabalho e renda para milhares de brasileiros que perderam seus empregos com a crise econômica advinda da chegada do vírus ao Brasil”, afirma.
Os lotes da nova safra de arábica que chegam ao mercado ainda são poucos e estão com alto percentual de verdes devido a um início de colheita precipitado por parte de alguns produtores.
A perspectiva para a nova safra é boa. Apesar da crise, o consumo interno brasileiro e dos principais países consumidores continua surpreendendo positivamente, com o crescimento do consumo doméstico compensando boa parte da queda do consumo fora do lar. “As principais cidades americanas e europeias começam a programar a abertura do comércio e o fim da quarentena. O consumo em cafeterias, restaurantes e escritórios será retomado aos poucos, nos próximos meses”, diz.
Muitos cafeicultores brasileiros já venderam parte de sua safra para entrega nos próximos meses e os recursos provenientes do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), para financiamento dos trabalhos de colheita e armazenagem da nova safra, chegarão mais cedo aos bancos neste ano. Assim, os produtores poderão programar com calma a entrada de seus cafés no mercado ao longo de todo o novo ano-safra.