ENCHENTES NO VIETNÃ DÃO IMPULSO PARA NOVAS ALTAS

A China aumentou as taxas de juros para depósitos e para os empréstimos pela primeira vez desde 2007 tentando segurar as pressões inflacionárias no país (cujo PIB no terceiro trimestre cresceu 9.6%), e provocando uma firmeza pontual do dólar americano.

No Brasil uma nova rodada de aumento do IOF para investidores estrangeiros conseguiu reverter, pelo menos temporariamente, a valorização do real. Ao mesmo tempo o G-20 tenta conter a competição de desvalorização das moedas entre os membros do grupo.

Os índices de produção de manufaturados na Europa, e de permissão de construções de casas nos Estados Unidos vieram melhor do que se esperava, ajudando as bolsas de ações a segurarem os ganhos do ano.

Embora os principais índices das commodities tenham fechado praticamente inalterados comparado com a semana passada, o algodão fez uma nova máxima histórica subindo 8.96% nos últimos cinco dias, seguido pela alta de 6.68% do café e de 4.29% do açúcar.

O café mais uma vez teve uma influência forte do clima, com as tristes enchentes na região central do Vietnã. Muito embora a produção de café no país asiático esteja concentrada no Norte e no Sul, o tempo úmido atrasa a colheita, e problemas infra-estruturais podem tornar ainda mais lenta a desova do produto. Ao mesmo tempo diz-se que um grande torrador comprou algo em torno de 2 milhões de sacas de robusta, o que provocou a mudança da estrutura do mercado londrino, firmando os spreads (com uma enxurrada de negócios entre os contratos de novembro, janeiro e março). Com isto os preços do mercado futuro na LIFFE atingiram o maior patamar desde setembro de 2008, e deram uma mãozinha para Nova Iorque quebrar os US$ 200.00 centavos por libra pela primeira vez desde 18 de setembro de 1997 para a 1ª posição, ou 10 junho de 1997 para a 2ª posição.

Os ganhos da semana foram de US$ 16.40 por saca do “C”, US$ 9.18 por saca do robusta, e US$ 15.10 por saca na BM&F, e com isso viu-se uma boa movimentação do físico. No Brasil os produtores aproveitaram a nova alta para vender um pouco mais dos seus cafés, ratificando que por enquanto a estratégia de não vender nas baixas continua funcionando muito bem. Na Colômbia os diferenciais enfraqueceram para US$ 28 centavos acima de NY (estavam 32 na semana passada) finalmente atraindo compradores. Na América Central a disponibilidade de café ainda é pequena, e os negócios reportados são poucos. Mesmo o mercado FOB no Brasil não foi tão ativo quanto se imaginaria, dada a alta do terminal, já que os diferenciais para os cafés de melhor qualidade pouco baratearam (ao redor de US$ 2.00 centavos por libra apenas). Curioso notar que a demanda ainda é vista para embarques para novembro, demonstrando que os dealers e/ou a indústria precisa(m) correr atrás da cobertura para o inverno no hemisfério Norte.

Em função do atraso aparente de quem precisa comprar – não apenas o mercado futuro, como também preencher os livros de físico – o robusta em Londres acaba sendo a alternativa mais barata, já que bem ou mal está US$ 115.00 centavos mais baixo do que o primo rico negociado na ICE. Para atrapalhar um pouco mais a vida dos baixistas, os fundos que tinham liquidado parte da posição comprada há três semanas atrás voltaram as compras, e com as novas altas alcançadas podem querer comprar ainda mais.

A espera por preços baixos daqueles que estão short (vendidos efetivamente ou necessitando comprar) faz com que os altistas creiam que o mercado pode firmar ainda mais. Do ponto de vista técnico, o objetivo deste movimento seria os US$ 210.20 centavos, onde uma nova onda de delta-hedge potencialmente pode desencadear mais compras. Quem venderá? Supostamente os produtores de suaves, mas para isso os compradores têm que deixá-los usar suas contas de futuro. Brasil também estará presente.

Para quem pode, é aproveitar o momento e fazer mais negócios com margens, sempre de olho no fluxo de caixa.

Uma ótima semana e muito bons negócios para todos. 

* Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting

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