Encafé: Mendonça de Barros crê que indústria de café deve ter um respiro a partir de 2021
Para o economista, é a indústria que deve ter maior respiro a partir de 2021 – embora no ano que vem já possa haver melhora. “A indústria tem uma vantagem: a lavoura ainda tem excesso de produção, então os preços da matéria-prima não devem subir”, destacou. Ele lembrou que a área plantada no País vem aumentando, e que “o plantio em área nova é mais produtivo”. Com a melhora na demanda interna impulsionada pelos avanços na economia e sem pressão do grão, a margem das indústrias aumentaria.
A projeção da MB Associados é que o PIB do Brasil aumente 0,9% em 2019, 1,6% em 2020, 2,8% em 2021 e 3,1% em 2022. Para a agropecuária, a projeção é de alta de 0,9% este ano e 2,0%, 4,2% e 4,2% nos anos seguintes.
Para que o País de fato cresça, Mendonça de Barros alertou que é necessário aprovar as reformas em tramitação no Congresso, principalmente a chamada “PEC Emergencial”, que permite que União, Estados e municípios reduzam salários e jornadas de trabalho de servidores caso se enquadrem nas condições previstas. “São indispensáveis mudanças para que a folha de pagamento do setor público pare de crescer tanto. Tem que controlar, antes de qualquer coisa, esse tipo de gasto. A chave é a PEC emergencial, que precisa ser aprovada rápido”, disse ele durante palestra. Ele também destacou a Reforma da Previdência e mudanças nas leis de infraestrutura.
A reforma tributária, também aguardada com ansiedade por parte do mercado, deve demorar mais, nas projeções de Mendonça de Barros. “Todos sabem que ela é necessária, mas não há consenso no projeto”, afirmou. “Além disso, boa parte dos segmentos agropecuário, de construção e de serviços concordam com a reforma, mas acham que ela vai aumentar sua carga e, por insegurança, são contra. Precisarão ser convencidos para apoiar”, completou, opinando que ele acredita que, no fim das contas, a reforma obterá apoio, mas levará um tempo. “Atrasar um ou dois anos é ruim do ponto de vista de eficiência, de operação, mas não é impeditivo para voltar a crescer.”
Os riscos para a recuperação econômica nacional, na avaliação do economista, são as possibilidades de crise externa e de conflitos políticos que atrasem a agenda legislativa e aumentem a incerteza.
Fonte: Agência Estado (Por Augusto Decker – repórter viajou a convite da Associação Brasileira da Indústria de Café – Abic)