Empresa de máquinas troca equipamento por sacas de café

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Preços em queda e quebra na produtividade. O segundo semestre não começou promissor para o produtor de café. Quem participa da Expocafé 2015, que acontece no sul de Minas Gerais, está encontrando um jeito diferente de comprar equipamentos, e até fica mais estimulado a investir.

Mais de 40% da safra brasileira de café já foi colhida, mas em Três Pontas, onde acontece a Expocafé e nos municípios vizinhos, a colheita está atrasada. Só 10% do grão foi colhido porque que a estiagem afetou o desenvolvimento do fruto.

– Nós estamos aguardando. Por enquanto, a gente calcula um atraso de 30 a 40 dias. Daqui uns dias é que deve entrar o maior fluxo de cafés. Aí poderemos avaliar melhor as condições da safra – diz Valério Brito, diretor comercial da Cocatrel. 

A saca de 60 quilos do café arábica no sul de Minas está cotada entre R$ 430 e R$ 440. O preço caiu em relação ao mês passado, mas não é só isso que preocupa os produtores. Com a queda da produtividade causada pela seca, o grão está menor. No município de Boa Esperança, a quebra pode chegar a 20%.

– Quando você olha está aquele pé bonito, carregado, mas você vai passar a colheitadeira e vê que o enchimento dos entrenós não está igual aos outros anos. Tem bem menos grãos de café por roseta. Consequentemente, isso traz a perca (sic) que nós já esperávamos que ia ter – conta o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Boa Esperança, Manoel da Costa.

O presidente da Associação dos Sindicatos Rurais do Sul de Minas (Assul), Arnaldo Bottrel, afirma, no entanto, que o preço pode aumentar por causa do atraso na colheita e da queda na produtividade.

– Nós temos, no máximo, no sul de Minas, 10% de café colhido, ou seja, falta café no mercado. Então, nós achamos, e estamos otimistas, que o preço pode até reagir, principalmente se falando de café de qualidade. Falta volume – calcula o presidente.

O clima também pode ficar desfavorável, mais um motivo que pode fazer o preço reagir.

– A gente pode dizer que ainda há uma especulação em cima do risco de frio, possibilidade de uma geada aí, de um frio mais intenso, pode dar um acréscimo no preço, uma precificação maior – projeta Valério.

Café vira moeda

Para uma fabricante de tratores e implementos agrícolas, o café também é moeda. Um modelo de trator pode custar, por exemplo, mais ou menos 200 sacas do arábica, que podem ser parceladas em duas safras. Como o acesso ao crédito anda mais difícil, esse tipo de negócio tem chamado a atenção. O preço é fixado na hora do fechamento do contrato e a operação, conhecida como barter, ajuda a aumentar as vendas da empresa, que trabalha em parceria com uma trading.

– Atrai em função de ele saber quantas sacas de café ele vai pagar, sem as variações de mercado, que no café são muito comuns. Como os juros do crédito agrícola aumentaram, o negócio com a gente fica mais atrativo no sistema barter – justifica o gerente comercial Nelson Watanabe.

Esta troca, comum na compra de insumos, ainda é pouco usada para aquisição de equipamentos. Entretanto, Antônio Alves gostou da ideia:

– Muito mais prático. Gostei! É uma boa opção. A gente já trabalha com o café, sabe da produção que tem. A tua dívida é aquilo que você tem prática de fazer, que é o café – reforça o produtor. 

Fonte:Canal Rural

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