Embrapa defende parceria com iniciativa privada

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O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pedro Arraes, afirmou que a instituição não pretende concorrer com as multinacionais no fornecimento de tecnologias para o cultivo de grãos e destacou a importância das pesquisas com a soja não transgênica e com melhoramento genético e biotecnológico da cana-de-açúcar. Durante almoço com a imprensa nas comemorações dos 39 anos da Embrapa, Arraes disse a empresa deve ser "o braço tecnológico da iniciativa privada nacional".

Arraes lembrou que a Embrapa detinha 80% dos cultivares semeados em solo nacional quando não havia tecnologia. Hoje, está realizando um estudo sobre sua participação no mercado de tecnologia agropecuária e no futuro os ativos tecnológicos serão levados a campo pela iniciativa privada, por meio de parcerias, "pois têm mais flexibilidade que a gente (governo)".

O presidente da Embrapa ressaltou a importância da pesquisa da empresa para garantir a disponibilidade da soja convencional (não transgênica), que atende à demanda dos agricultores que não precisam gastar muito mais pela semente (royalties) e ainda conseguem um preço adicional na venda da oleaginosa, como vem acontecendo em Mato Grosso.

Outra linha de pesquisa prioritária é a cana-de-açúcar, uma das culturas que a Embrapa não investiu desde a sua criação porque havia instituições específicas voltadas para a setor, assim como o cacau e o café. Arraes afirmou que hoje existem 189 pesquisadores na Embrapa que dedicam parte do tempo a pesquisas voltadas para a cana-de-açúcar.

Ele observa que está havendo um investimento forte em pesquisa de empresas multinacionais ligadas ao setor sucroalcooleiro e por isso considera importante a presença da iniciativa pública no melhoramento genético e biotecnológico. Arraes diz que o germoplasma na mão da empresa pública poderá ser "socializado" de forma mais ampla.

Na opinião do presidente da Embrapa, os problemas de baixa produtividade dos canaviais poderiam ser resolvidos apenas com a mudança no manejo das lavouras. Ele observa que as técnicas utilizados hoje em áreas novas de cerrado foram desenvolvidos para as condições paulistas. Mesmo em São Paulo, o manejo vai mudar com o fim da queima da cana-de-açúcar, pois será maior a incidência de pragas e doenças, além do aumento da massa de palha que dificulta as operações de plantio e de colheita. Ele acredita que com a mudança no manejo a produtividade dos canaviais pode passar dos atuais 70 a 80 toneladas por hectare para 120 toneladas por hectare, mesmo em áreas de cerrado.

A Embrapa divulgou nesta quarta-feira seu balanço social relativo ao ano passado, que mostrou um lucro social de R$ 17,76 bilhões, segundo uma metodologia de cálculo desenvolvida pela estatal, que considera os impactos de uma amostra de 114 tecnologias e 163 cultivares desenvolvidas em conjunto com parceiros, principalmente organizações estaduais de pesquisa. O orçamento da empresa no ano passado cresceu 6,18% e atingiu o recorde de R$ 2,06 bilhões. O dirigente calcula que cada real investido pelo governo federal na empresa gerou R$ 8,62 para a sociedade.

Fonte: Agência Estado

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