Embarques de café para Japão estão normais, dizem exportadores
A empresa Interagrícola (Eisa), exportadora de café de Santos (SP), informa que tem sido normal o desembarque do produto no Japão, que foi abalado por terremoto seguido de tsunami na sexta-feira. De acordo com o agrônomo Christian Souza, da Eisa, que mantém um escritório em Tóquio, não há relatos de dificuldades na chegada do café brasileiro aos portos japoneses. Também não foi reportada a necessidade de desembarque em países vizinhos.
O café é o segundo principal produto da pauta de exportação brasileira para o Japão. O País detém participação de 32% naquele mercado, exportando cerca de 2,4 milhões de sacas de 60 kg, com uma receita cambial em torno de US$ 430 milhões anuais. Em 2010, o Japão foi o quarto maior mercado consumidor de café nacional, com 7% de participação, atrás apenas de Itália (2,78 milhões de sacas, ou 8%), Alemanha (6,42 milhões de sacas, 20%) e Estados Unidos (6,60 milhões de sacas, 21%).
De acordo com o agrônomo da Eisa, as cotações internacionais do café estão em forte queda, refletindo pessimismo pontual. No médio e longo prazos, no entanto, Souza acredita que a reconstrução do Japão vai exigir grandes volumes de matéria prima. "O aumento da demanda japonesa deve contribuir para uma recuperação dos mercados", prevê.
O diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), Guilherme Braga, afirma que a solidariedade mundial e as medidas de ajuda que se desenham, aliadas à capacidade de superação do povo japonês aos infortúnios, já demonstrada no passado, permitem estimar que a recuperação virá. Ele pondera, no entanto, que os acontecimentos dos últimos dias ainda não são conhecidos em sua real extensão.
Segundo Braga, a nova realidade vai, sem dúvida, provocar mudanças nos hábitos do consumidor japonês. "A expectativa é que na fase de ajustamento que virá nos próximos meses, o consumo de café não seja prejudicado de modo expressivo, a exemplo do que ocorreu na crise econômica de 2008", estima.
De acordo com dados do Cecafé, 79 empresas exportaram café para o mercado japonês em 2010. O produto é uma das bebidas preferidas naquele país e está associado à imigração japonesa para o Brasil, representando a ocidentalização dos hábitos da população.
Fonte: Agência Estado