Elite dos grãos de café cai no gosto do consumidor

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Americanos, japoneses e europeus já descobriram que, além de maior produtor mundial de café, o Brasil tem alguns dos melhores grãos. Por isso, vêm para cá comprar as sacas de café provenientes dos "microlotes", grãos cultivados em condições excepcionais. Agora, brasileiros e árabes descobrem estes grãos.

Responsável pelo Centro de Preparação do Café Museu do Café, em Santos, o barista André Almeida explica que cafés feitos com grãos provenientes de microlotes – que são chamados de cafés especiais – têm características que não se encontram em um café feito com grãos produzidos em larga escala.

"Ele é mais doce, encorpado, sofisticado, seus aromas e sabor se revelam de uma forma mais agradável", diz. No Museu do Café, uma xícara de café espresso é vendida a R$ 3. Atualmente, o Museu do Café serve espressos com café especial produzido pela Chácara Boa Vista, em Piraju (a 308 quilômetros de São Paulo), a R$ 12.

Para que se tornem exclusivos e diferentes, os grãos especiais recebem cuidados extras desde a escolha do solo. O produtor seleciona as regiões mais altas da fazenda para plantar as melhores sementes. Altitudes superiores a 600 metros oferecem condições melhores para o plantio porque dificultam a proliferação de pragas. A barista do Octavio Café, Silvia Magalhães, diz que em maiores altitudes o café demora mais para amadurecer. Resultado: grãos tão exclusivos que não rendem mais do que três sacas de 60 quilos cada.

Alfredo Lisboa e José Emílio Lisboa são os agricultores da Chácara Boa Vista que venderam a saca de café arábica especial ao Museu do Café. Alfredo diz que o segredo para produzir grãos de qualidade superior é plantar pouco e dedicar atenção à colheita. Os cafés da Chácara Boa Vista são plantados a uma altitude que varia entre 620 metros e 650 metros. "Somos cautelosos, escolhemos os frutos que retiramos do pé. Se a colheita é mecanizada é preciso regular bem a máquina", diz Alfredo.

Quem já percebeu a qualidade superior deste tipo de café são os árabes. Após negociações em 2009, o Café Cristina – que cultiva seus grãos em Cristina, no Sul de Minas Gerais – abriu uma loja com a sua marca em Ras Al-Khaimah, nos Emirados Árabes Unidos. O sócio-diretor da empresa, Pedro Lisboa, afirma que o total exportado para o emirado em 2010 – cinco toneladas – já pagou o investimento feito.

"Houve uma demanda dos árabes. Encontrei-me com eles e fechamos negócio. Nosso contrato é de exclusividade com os países do GCC (Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes e Omã)", afirma o empresário. A partir desta loja, a empresa distribui o café em hotéis e pontos turísticos do emirado.

A cotação deste grão foge daquela praticada para o preço do café arábica no mercado. Ele é mais caro porque tem produção limitada e muitas vezes é vendido em leilão. Nesta ocasião, o café tem lance mínimo, mas não máximo. "Uma saca de café é cotada, hoje, a aproximadamente R$ 600. Uma saca de café especial parte de R$ 800 e atinge até R$ 10.000", afirma Silvia. Recentemente, ela comprou uma saca a R$ 7.100 de microlotes provenientes da região de Itaí (a 301 quilômetros da capital paulista).

Dos 60 quilos iniciais, a mesma saca ficará com cerca de 50 kg após a torra. Cada quilo de café rende, em média, 100 xícaras. "Este café, vendo a R$ 11,50. Geralmente, a pessoa consome este produto em um momento especial, de degustação", diz Silvia.

O consumo mais comedido do café especial não significa que seus estoques demorem a acabar. O Museu do Café comprou duas sacas do café produzido em Piraju. Quem quiser provar não pode demorar, pois só resta metade da segunda saca.

Silvia diz que o consumo do café especial varia, mas vende, em média, 20 xícaras por dia no Octavio Café. E a coordenadora do Centro de Preparação do Café do Sindicato da Indústria do Café (Sindicafé-SP), Cleia Junqueira, afirma que essa "moda" dos microlotes faz bem ao mercado. "Quem ganha com isso? O produtor que tem seu produto mais valorizado, a cafeteria que ganha em divulgação de sua marca e na comercialização com maior valor agregado, e o melhor – o consumidor, que passa a conhecer e valorizar o café."

Fonte: Aduaneiras

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