Dólar fecha a R$ 1,68 após novo leilão do BC; Bovespa opera instável

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O dólar comercial teve o seu maior avanço num só dia desde 8 de novembro, com a reação do mercado ao novo leilão de "swap" cambial reverso", um instrumento financeiro não utilizado pelo Banco Central desde maio de 2009. O "susto" de hoje, no entanto, encobre o fato de que, em que pesem as medidas recentes do governo, a taxa de câmbio mal se mexeu nesta semana, tendo uma leve baixa de 0,06% desde a sexta passada.

Por volta das 12h30 (hora de Brasília), a autoridade monetária ofereceu 20 mil contratos (cerca de US$ 1 bilhão) desse instrumento financeiro, em três vencimentos, que foram integralmente aceitos pelo mercado financeiro. Mais tarde, às 15h50, o BC voltou à carga com seu habitual leilão para compra de dólares, quando aceitou ofertas por R$ 1,6847 (taxa de corte).

As cotações da moeda americana já iniciaram o dia bastante pressionadas por conta do leilão de "swap" e ao longo do dia oscilaram entre R$ 1,690 e R$ 1,681, para finalizar em R$ 1,685 –um avanço de 0,95%.

Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi negociado por R$ 1,800 para compra e por R$ 1,630 para venda.

Ainda operando, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) sobe apenas 0,03%, aos 70.739 pontos. O giro financeiro é de R$ 4 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York avança 0,35%.

Os contratos de "swap" cambial reverso permitem que o agente financeiro troque o risco de uma aplicação cambial pela variação dos juros, com o BC. Por esse motivo, é entendido como uma intervenção da autoridade monetária no mercado futuro de moeda, que costuma influenciar na formação da taxas de câmbio no mercado à vista.

A diferença entre os mercados à vista e futuro é que, no primeiro, as operações são liquidadas em cerca de dois dias, enquanto no segundo, em 30 dias ou mais. Como há perspectiva de que um fluxo significativo de dólares entre no país ao longo deste ano, boa parte das operações no mercado futuro foi montada com vistas a ganhar com as cotações em queda.

Por esse motivo, o BC baixou normas nos últimos dias para conter a especulação com o câmbio e, a partir de hoje, retomou a oferta de "swaps" reversos, que equivalem a operações de compra no mercado futuro de dólar.

Especialistas do setor, no entanto, fazem restrições à eficácia dessa medida. "É uma forma de ganhar tempo. Fica praticamente impossível deter uma trajetória [das taxas] que reflete uma conjuntura global [de enfraquecimento do dólar]", comenta Reginaldo Galhardo, diretor da corretora de câmbio Treviso.

Galhardo lembra que, com a perspectiva de aumentos dos juros, torna-se cada vez mais atrativo para o investidor estrangeiro fazer aportes em ativos brasileiros, mesmo com o encarecimento das operações via impostos. "Acredito que o dólar subiu um pouco nos últimos dias, porque houve uma certa precaução do mercado contra possíveis novas medidas do governo", avalia.

Ele nota que o euro se fortaleceu contra o dólar neste semana, saindo de US$ 1,29 para US$ 1,34 (uma variação de 3,8%, aproximadamente), mas que a taxa de câmbio brasileira nem se mexeu no mesmo período.

JUROS FUTUROS

No mercado futuro de juros, que serve de referência para o custo dos empréstimos nos bancos, as taxas previstas avançaram nos contratos mais negociados.

O Comitê de Política Monetária se reúne na semana que vem para decidir a nova taxa básica de juros. As apostas do setor financeiro apontam para um ajuste dos atuais 10,75% para 11,25%, com mais acréscimos até o final do semestre, provavelmente superando a casa dos 12%.

No contrato para julho de 2011, a taxa projetada subiu de 11,80% ao ano para 11,86% para janeiro de 2012, a taxa prevista passou de 12,29% para 12,37%. E no contrato para janeiro de 2013, a taxa projetada aumentou de 12,54% para 12,68%. Esses números são preliminares e estão sujeitos a ajustes.

Fonte: Folha Online

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