Dólar faz nova mínima em dois anos após alta do IOF

Imprimir

Não passou de ensaio a valorização que o dólar apresentou no começo do pregão como resposta ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre operações estrangeiras em renda fixa. Passado esse ajuste inicial, o movimento da taxa foi um só: para baixo. O que levou o dólar a testar preços não registrados em mais de dois anos.

Depois de subir a R$ 1,701, o dólar comercial chegou a fazer mínima a R$ 1,673, antes de fechar a R$ 1,675 na venda, o que representa uma queda de 1% sobre o fechamento de ontem. Tal preço é o menor já observado desde 2 de setembro de 2008, quando a moeda fechou a R$ 1,665.

Dando consistência às vendas, o volume estimado para o interbancário somou US$ 5,6 bilhões, um dos maiores do ano. Vale lembrar que ontem, a movimentação fora de tímido US$ 1 bilhão. Já na roda de "pronto", da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) o dólar perdeu 1,11%, a R$ 1,673. O volume subiu de US$ 81,75 milhões para US$ 87,75 milhões. No mercado futuro, o dólar com vencimento novembro, negociado na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), caía 1,52%, a R$ 1,681, antes do ajuste final de posições.

Segundo o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Moura Nehme, a eficácia da alta do IOF de 2% para 4% é verdadeira se for considerado que o foco é conter o investimento especulativo, que tem o curto prazo como característica. Segundo Nehme, o percentual definido torna nulo o rendimento até 139 dias, olhando só a rentabilidade base Selic, sem considerar os custos do investidor com o proteção (hedge) para se proteger da variação cambial, e, reduz, bruscamente, o rendimento em um ano. "Este parece ser o perfil do investimento que a medida objetiva atingir e nos parece eficaz, a despeito de alguns atalhos que a engenharia financeira sempre deixa aberto", resume.

Já os efeitos na formação do preço do câmbio são baixíssimos ou quase nenhum, diz Nehme. O ponto é que o IOF atinge o fluxo de recursos, mas é sabido que não é o fluxo cambial que norteia a formação de preço da moeda americana.

Segundo Nehme, o fato é que o Banco Central (BC) compra dólar além do excedente de fluxo, o que deixa os bancos com posições vendidas no mercado à vista e os motiva a atuar apreciando o real. "Esta sim é uma das maiores causas da apreciação do real", diz o especialista.

Em função dessa particularidade do mercado brasileiro, o aumento do IOF é puramente "profilático", afastando do país recursos que não interessam, mas está distante de ser "curativo" para a apreciação do real.

"O BC precisa parar de comprar dólares do mercado à vista além dos volumes excedentes do fluxo. E também deveria, de imediato, interromper suas atuações no mercado até que as posições vendidas dos bancos fossem cobertas, para depois, passar a comprar efetivamente somente o excedente, e até deixar os bancos um pouco comprados", diz o especialista. 

Fonte: Valor

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *